MATERIAIS OBTURADORES PROVISÓRIOS


 

JESUS DJALMA PECORA
Professor Titular do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP-USP

FABIO HEREDIA SEIXAS
Mestrando do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP-USP - Sub-área Endodontia

ALEXANDRE CAPELLI
Mestrando do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP-USP - Sub-área Endodontia

EDUARDO LUIZ BARBIN
Mestre em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP-USP

JULIO CESAR EMBOAVA SPANO
Mestre em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP-USP

 


 

            Desde o início, a Odontologia tem procurado melhorar seus materiais e métodos para alcançar um melhor resultado clínico. Com a globalização o profissional teve acesso a uma infinidade de materiais e técnicas modernas. Porém, o problema com a microinfiltração marginal ainda não foi solucionado.

            A passagem de fluidos da cavidade bucal para o interior do dente, através da interface do material e a estrutura dental recebe o nome de microinfiltração ou infiltração marginal. Estes fluídos podem conter microorganismos, toxinas e substâncias químicas.

            A Endodontia sempre necessitou de materiais restauradores provisórios que minimizassem a infiltração marginal, especificamente aqueles profissionais que adotam curativos de demora entre sessões.

            Existem, no mercado brasileiro, uma série de materiais restauradores provisórios diferentes e todos prometendo o melhor resultado, ou seja, pouca ou quase nenhuma infiltração marginal. Mas como saber qual o melhor?

            Há muito tempo os cientistas vêm testando novas composições de materiais restauradores provisórios e diferentes métodos de utilização para alcançar a menor infiltração marginal.

            Nem sempre é possível ou mesmo aconselhável à realização do tratamento endodôntico de dentes com canais radiculares contaminados em uma única sessão. Quando isto acontece, necessita-se da utilização de um curativo medicamentoso entre as sessões, utilizado com o objetivo de sanificar ou diminuir a quantidade de microorganismos existentes no sistema de canais radiculares, mesmo após a realização do preparo químico-mecânico (instrumentação).

            Para que esse curativo entre as sessões tenha efeito, é necessário que fique isolado do meio externo. Assim sendo após sua colocação, é imprescindível que o dente receba um material restaurador provisório funcionando como isolante entre o meio bucal e o canal radicular.

            Mesmo nos casos onde a terapêutica endodôntica já tenha sido realizada e os canais estiverem obturados existe a necessidade da manutenção do selamento da câmara pulpar, para que não ocorra infiltração, fato que pode conduzir ao insucesso de toda a terapêutica.

            Vários pesquisadores afirmam que os dentes com canais radiculares obturados devem ser imediatamente restaurados, pois a infiltração marginal coronária pode ocorrer em poucos dias (KHAYAT et al., 1993; TROPE et al., 1995; SAUDERS & SAUDERS, 1995; LEONARD et al., 1996; MALONE & DONELLY, 1997; PISANO et al., 1998; BARTHEL et al., 1999 a; FRIEDMAN et al., 2000; ALMEIDA, 2001).

            A infiltração marginal depende basicamente de dois fatores: a interface material/esmalte/dentina e as propriedades físico-químicas dos materiais obturadores provisórios. A solubilidade, a desintegração, a instabilidade dimensional (contração e expansão) e a adesão interferem sobremaneira na infiltração marginal.

            GROSSMAN (1939) estabeleceu alguns requisitos básicos que um cimento obturador provisório deveria possuir, tais como:

ser de fácil manipulação e inserção na cavidade dental;
endurecer rapidamente;
possuir resistência à compressão;
apresentar resistência à abrasão;
não sofrer solubilidade e nem se desintegrar no meio bucal;
ser de fácil remoção;
não sofrer alteração dimensional e
promover selamento marginal, ou seja, impedir a infiltração, tanto entre o material e o dente e quanto somente pelo material.

            De qualquer forma, o cimento obturador provisório utilizado em Endodontia deve possuir as características de impedir a contaminação dos canais radiculares, evitar que os medicamentos intracanais passem para cavidade oral, e proteger o canal radicular obturado até que o dente seja restaurado definitivamente.

            Na busca pelo material restaurador provisório ideal, investigações foram realizadas com a adoção de vários métodos para avaliar a infiltração marginal sofridas por estes materiais.

            Os métodos laboratoriais mais comumente usados para identificação da infiltração marginal dos seladores provisórios são: corantes, radioisótopos, microorganismos, identificação de íons e por meio de processos eletroquímicos.

            GROSSMAN, em 1939, estudou a infiltração marginal nos materiais: guta-percha, fosfato de zinco, Pro-Tem® e óxido de zinco-eugenol. Para tanto foram utilizados tubos de vidros preenchidos com algodão hidrófilo, tendo as suas extremidades seladas com os materiais testados. Os tubos foram imersos em soluções corantes, tais como violeta genciana, carbocsina, Sudan III, saliva artificial e bactérias (Bacillus prodigiosus), em um período de 10 a 24 horas. Os resultados indicaram que não houve infiltração marginal no grupo submetido à saliva artificial. No entanto quanto aos grupos submetidos aos corantes, foi possível ordenar os cimentos em ordem crescente de infiltração: cimento fosfato de zinco, guta-percha e óxido de zinco - eugenol que não apresentou infiltração. A ausência de infiltração dos grupos submetidos à saliva artificial provavelmente se deveu ao tamanho de suas moléculas que são maiores que as dos corantes.

            Em 1958, HIRSCH & WEINREB estudaram a infiltração marginal dos seguintes materiais: cimento de silicato, materiais obturadores acrílicos e amálgama. Para tanto, os autores utilizaram dentes humanos extraídos restaurados com esses materiais, submetidos à ciclagem térmica e submersos em azul de anilina a 2%. Os resultados demonstraram que o amálgama não permitiu a infiltração do corante, ao passo que o cimento de silicato e os obturadores acrílicos permitiram. Esta infiltração foi atribuída à diferença de expansão térmica entre o dente e a restauração acrílica.

            As propriedades seladoras da guta-percha, dois tipos de cimento a base de fosfato de zinco, dois tipos de fosfato de zinco permanente, óxido de zinco-eugenol e Cavit® foram avaliados por PARRIS & KAPSIMALIS em 1960. Os autores utilizaram dentes humanos unirradiculares de estoque, os quais após a restauração provisória com os materiais estudados foram divididos em dois grupos. O grupo 1 foi imerso em solução aquosa a 2% de azul de anilina e deixado por 72 horas à temperatura ambiente, o grupo 2 que foi submetido à ciclagem térmica (4° e 60°C) mergulhados na mesma solução. Os resultados mostraram que no grupo 1, só não houve infiltração do corante no curativo realizado com Cavit® e realizado com óxido de zinco-eugenol. No outro grupo 2, onde se realizou a ciclagem térmica, apenas a amostra restaurada com Cavit® não apresentou traços de infiltração.

            KAKAR & SUPRAMANIAN, em 1963, utilizaram solução alcoólica de anilina azul a 2% e ciclagem térmica (4° e 60°C) para testar a infiltração marginal apresentada em dentes humanos de estoque restaurados com os seguintes materiais: ouro, amálgama de prata, guta-percha, cimento de oxido de zinco-eugenol e cimento de silicato. Após 24 horas de imersão destes corpos de prova no corante, os dentes foram avaliados e os resultados mostraram que os menores índices de infiltração se deram nos grupos onde se utilizou o cimento de óxido de zinco-eugenol e o amálgama.

            SCHIFINO (1966) investigou a capacidade seladora de vários materiais obturadores provisórios utilizados na Endodontia, tais como cimento de óxido de zinco-eugenol, cimento fosfato de zinco, guta-percha e guta-percha + cimento fosfato de zinco. A solução azul de tripan a 0,5% foi utilizada como solução evidenciadora. O autor verificou que, a temperatura ambiente, todos os materiais apresentaram infiltração, e que essa era dependente do tempo de imersão no corante.

            CHRISTEN & MITCHEL (1966) estudaram a infiltração marginal com Rodamina B e a Fluoresceína em dentes bovinos com restaurações de amálgama, amálgama com aplicação prévia de verniz, guta-percha e óxido de zinco-eugenol. Concluiu-se que tanto o amálgama com ou sem aplicação de verniz quanto à guta-percha permitiram infiltração, já nas amostras restauradas com óxido de zinco-eugenol, não foi observada infiltração em virtude da extinção da fluorescência.

            OPPENHEIMER & ROSENBERG em 1979 verificaram o efeito da ciclagem térmica nas propriedades seladoras do Cavit® e Cavit G®. Sessenta dentes humanos extraídos recentemente foram selados com Cavit® e Cavit G® e imersos em corante azul de metileno por 72 horas a 37°C e depois submetidos à ciclagem térmica (4° e 60°C). Os resultados mostraram que o Cavit® e o Cavit G® foram resistentes à penetração do corante tanto na temperatura de 37°C quanto à ciclagem térmica.

            TEPLITSKY & MAIMARES (1988) avaliaram a capacidade seladora do Cavit® e o TERM® como material restaurador provisório. Para este estudo foram utilizados dentes humanos de estoque, os quais foram imersos em corante de azul de metileno por sete dias e submetidos à ciclagem térmica. Os resultados mostraram que o Cavit® manteve o selamento marginal em 91,7% dos dentes enquanto que o TERM® teve 33,3% dos dentes selados.

            URANGA et al. (1999) estudaram “in vitro” a capacidade seladora de alguns materiais restauradores temporários quando comparados aos materiais restauradores permanentes utilizados nas cavidades de acesso radicular. Os materiais estudados foram: Cavit®, Fermit®, Tetric® e o Dyract® e como amostras foram utilizados dentes unirradiculares humanos de estoque. Os dentes foram imersos em solução azul de metileno a 2% e submetidos à ciclagem térmica (o a 55°C). Os resultados mostraram um grande grau de infiltração com os materiais Cavit® e Fermit® e ocorreu diferença significante no grau de infiltração entre todos os materiais, exceto entre o Dyract® e o Tetric®. Este estudo sugere que é mais prudente usar um material restaurador permanente para prevenir a infiltração marginal.

            SWARTS & PHILLIPS (1961) empregando uma solução do radioisótopo Ca45 e ciclagem térmica avaliaram a infiltração marginal de seis diferentes materiais seladores em dentes humanos extraídos.

            TAKAYAMA et al. (1968) testaram a infiltração marginal e a permeabilidade de diferentes materiais restauradores temporários e pastas obturadoras de canais radiculares, empregando o iodo radioativo (I131). Para tanto foram utilizados dentes humanos hígidos  recém extraídos nos quais foram realizadas aberturas coronárias. Essas cavidades foram preenchidas com os materiais: cimento de óxido de zinco-eugenol, guta-percha, cimento de fosfato de zinco, guta-percha + cimento de fosfato de zinco, pasta Alfacanal® e composto de Wach. Os resultados demonstraram que a guta-percha apresentou as melhores qualidades seladoras e a menor permeabilidade, seguida, em ordem decrescente, pelo cimento de óxido de zinco-eugenol, duplo selamento (guta-percha + cimento de fosfato de zinco), pasta Alfacanal® e Wach®.

            McCURDY e colaboradores em 1974 realizaram investigações comparando a microinfiltração “in vivo” e “in vitro”. No estudo “in vivo”, a pesquisa foi realizada em Macaca Speciosa e o estudo “in vitro” em dentes humanos de estoque. Foi utilizado como evidenciador da infiltração o Ca45 e os materiais estudados foram: resina composta, resina acrílica, amálgama, cimento silicato e guta-percha. Os resultados mostraram que houve infiltração tanto no teste “in vivo”, quanto no “in vitro” e que estes foram semelhantes entre si.

            HOLLAND et al. (1976) estudaram a eficiência seladora dos seguintes materiais: guta-percha, óxido de zinco-eugenol, óxido de zinco-eugenol + acetato de zinco, Cavit W®, cimento de policarboxilato e também as associações: guta-percha + óxido de zinco-eugenol com ou sem acetato de zinco, guta-percha + Cavit W® e guta-percha + cimento policarboxilato. Como amostras foram utilizados dentes humanos de estoque e como evidenciador a solução de I131 , também foi utilizada a ciclagem térmica. Os resultados obtidos em ordem crescente de eficiência foram: óxido de zinco-eugenol, óxido de zinco-eugenol + acetato de zinco, guta-percha +óxido de zinco-eugenol, guta-percha + Cavit W®, guta-percha +  óxido de zinco-eugenol + acetato de zinco, Cavit W®, cimento de policarboxilato, guta-percha e guta-percha + cimento policarboxilato.

            BRAMANTE e colaboradores em 1977 analisaram os cimentos IRM®, óxido de zinco-eugenol, Propulpan®, Proviplast®, Ciprospad®, Cavit Rosa® e Cavit Branco®utilizados como seladores provisórios na Endodontia. Para este experimento foram utilizados dentes humanos de estoque e como evidenciador uma solução de iodeto de sódio, contendo I131 ativo.

MAROSKY et al. (1977) investigaram “in vitro” a infiltração sofrida pelos materiais: Temp-Seal®, Cavit®, cimento óxido de zinco-eugenol com acelerador, fosfato de zinco, IRM® e Durelon®. A solução de cloreto de cálcio (Ca45) foi utilizada como identificador da infiltração marginal. O resultado mostrou que o cimento Temp-Seal® apresentou menor índice de infiltração seguido pelo Cavit® e posteriormente pelo óxido de zinco-eugenol.

            VALCKE & KESSLER (1978) utilizaram como evidenciador da infiltração coronária, solução aquosa de BLAK-RAY (U.V. Products Inc., San Gabriel, USA) de cor vermelha e os materiais estudados foram: Durelon®, Poly F®, Oxicap®, Bondalcap®, Noletec®, Propac®, óxido de zinco-eugenol e Cavit®. Eles concluíram que todos os materiais permitiram infiltração e o que obteve menor índice foi o Cavit®.

TODD & HARRISON (1979) estudaram a alteração dimensional do Cavit® usando como identificador o S35. Os autores concluíram que, em todas as situações, a solução de isótopos S35 infiltrou pela interface da parede da cavidade/material, sendo este o ponto vulnerável por onde ocorre a penetração dos agentes contaminantes da cavidade bucal.

            KRAKOW et al. (1977) avaliaram “in vivo” a infiltração marginal sofrida por sete produtos usados na Endodontia como selador provisório, são eles: Cavit® Caviton®, guta-percha, três marcas de cimento de fosfato de zinco e óxido de zinco-eugenol. Os resultados mostraram que dentes obturados provisoriamente com Cavit® , Caviton® e cimento óxido de zinco-eugenol apresentaram pouca contaminação, sendo que este último apresentou um efeito antimicrobiano superior em relação aos outros produtos.

            KELLER et al. (1981) avaliaram a infiltração marginal em cavidades de dentes humanos extraídos, obturados provisoriamente com IRM®, Cavit® e guta-percha. A identificação da infiltração foi realizada com o uso da bactéria Proteus vulgares. O resultado mostrou que o grupo da guta-percha apresentou 100% de infiltração logo nas primeiras 24 horas, o grupo do IRM® não apresentou infiltração nas primeiras 48 horas, e 100% de infiltração após cinco dias e por último o grupo do Cavit® apresentou 50% das amostras contaminadas com 48 horas e 100% das amostras contaminadas com 13 dias.

            BEACH et al. (1996) compararam “in vitro” a infiltração bacteriana entre os materiais restauradores provisórios: Cavit®, IRM® e TERM®. As bactérias utilizadas neste experimento foram: Veillonella, Staphylococcus, Streptococcus, Peptococcus e Propionibacteri. Após três semanas o resultado mostrou que 4 de 14 amostras do grupo do TERM® e 1 entre 18 amostras do grupo do IRM® apresentaram contaminação, já o grupo que utilizou o Cavit® não apresentou contaminação.

            PÉCORA & ROSELINO (1982) identificaram “in vitro” a infiltração marginal sofrida pelos materiais: guta-percha, Cavit W® e cimento de óxido de zinco-eugenol como restauradores provisórios, que também foram submetidos à ciclagem térmica. Na metodologia empregada para este trabalho os autores utilizaram para a identificação da infiltração marginal, cones de papel absorventes embebidos em uma solução alcoólicos de dimetilglioxima a 1%, que eram colocados no interior do canal radicular e posteriormente os dentes eram selados com os restauradores provisórios em estudo. A infiltração da solução de sulfato de níquel, usada como meio de armazenagem era facilmente revelada pela formação do complexo Ni-dimetilglioxima, de coloração vermelha. Os resultados mostraram que todos os materiais apresentaram infiltração, a guta-percha apresentou maior alteração dimensional, permitindo maior infiltração em relação ao tempo e temperatura, o cimento de óxido de zinco-eugenol apresentou uma posição intermediária em relação à alteração dimensional e o Cavit W® o menor índice de alteração dimensional tanto na temperatura fixa, quanto sob ciclagem térmica.

            PÉCORA e colaboradores em 1986 utilizando-se da mesma metodologia do trabalho anteriormente citado estudaram “in vitro” a instabilidade dimensional do Lumicon® e do Cavit W® como materiais seladores provisórios na Endodontia.Os autores obtiveram como resultado que tanto o Cavit® quanto o Lumicon® apresentaram infiltração marginal e que esses resultados foram semelhantes entre si, tanto com temperatura fixa, quanto sob ciclagem térmica.

            CRUZ FILHO & PÉCORA (1990) estudaram “in vitro” a instabilidade dimensional de materiais seladores provisórios à base de óxido de zinco-eugenol, Cavit W®, IRM® + guta-percha, Cavit® sem guta-percha, óxido de zinco + guta-percha, IRM® sem guta-percha, óxido de zinco + acetato de zinco + guta-percha, óxido de zinco + acetato de zinco sem guta-percha, óxido de zinco sem guta-percha, Pó-Li com guta-percha, Pó-Li sem guta-percha usados na Endodontia. Para este estudo foi utilizada a mesma metodologia empregada por PÉCORA & ROSELINO (1982). Os resultados evidenciaram que nenhum dos materiais seladores provisórios testados foram capazes de impedir a infiltração do sulfato de níquel, em nenhuma das condições do experimento, ou seja, com ou sem selamento duplo quando submetidos à ciclagem térmica.

            ROBINSON et al. (1996) utilizando-se da mesma metodologia empregada por PÉCORA & ROSELINO (1982) estudaram “in vitro” a instabilidade dimensional de quatro materiais seladores provisórios: Cavit W®, Kalzenol® e TERM®. Foi executada a ciclagem térmica e os resultados indicaram que nenhum foi capaz de impedir a infiltração marginal.

            OLIVEIRA em 2001 avaliou “in vitro” a infiltração marginal de sete seladores provisórios utilizados na Endodontia: Cavit W®, Citodur®, Coltosol®, 3MF2000®, Cimpat W® e Guta-percha +Super Bonder®, por meio da mesma metodologia empregada por PÉCORA & ROSELINO (1982). Neste experimento, foi utilizada a ciclagem térmica por 72 horas e o resultado após sua análise revelou que não ocorreu infiltração quando se utilizou a associação Guta-percha + Super Bonder®. Com base no teste estatístico de Kruskal-Wallis, pôde se agrupar os materiais testados na ordem crescente de infiltração: Cimpat W®, Coltosol®, 3MF2000®, Cavit W®, Citodur®, Dentalville® e Guta-percha + Super Bonder®.

            A metodologia da infiltração por meio de corrente eletroquímica, foi realizada por JACQUOT e colaboradores em 1996, os autores investigaram a capacidade seladora de quatro materiais seladores temporários (Cavit®, IRM®, Cavit G® e Cavit W®) por um período de nove dias usando eletrotécnica (espectroscópio). Os resultados mostraram que o IRM® foi mais eficaz que as diversas formulações do Cavit®, e estes últimos sem diferença significante entre eles.

            Na maioria dos experimentos anteriormente citados, a ciclagem térmica foi realizada com o intuito de mimetizar a realidade na cavidade bucal, uma vez que a variação da temperatura, durante as refeições, faz com que o material sofra alterações dimensionais que não acontecem se a temperatura for mantida constante.

            É importante lembrar que a correta manipulação dos materiais obturadores provisórios otimiza suas propriedades físico-químicas e isto minimiza a infiltração marginal.

            Outrossim, os remanescentes dentais também propiciam adaptações melhores dos materiais obturadores provisórios, isto é, quanto maior a quantidade de dente ao redor do material obturador provisório, menor será a infiltração marginal. Assim, em cavidades onde o material obturador provisório está contido por todos os lados (4 paredes) acontece menor infiltração marginal do que uma cavidade com menor número de paredes.

            No mercado brasileiro são encontrados uma infinidade de produtos para a utilização como material selador provisório e cabe ao profissional a escolha de um material que consiga um bom resultado com um preço acessível.

 

APRESENTAÇÕES COMERCIAIS:

             Os materiais restauradores provisórios usados na Endodontia possuem várias formas de apresentação. Dentre as mais conhecidas podemos citar:

            Materiais únicos: são aqueles que já vem prontos para uso. A técnica para a utilização destes materiais é bem simples. Basta levá-lo com uma espátula até a cavidade que será restaurada provisoriamente. Esse material endurece na presença de água ou saliva.

            Materiais compostos por um frasco contendo pó e outro contendo líquido (pó/líquido): sua técnica de aplicação requer conhecimento prévio de espatulação e de consistência clínica de utilização. Esses materiais são dispensados sobre placa de vidro e espatuladas até que se consiga uma consistência ideal. Posteriormente são levado até a cavidade a ser restaurada provisoriamente. Um exemplo de material obturador provisório com apresentação comercial pó/líquido é o cimento de óxido de zinco - eugenol que apresenta consistência clínica de uso quando a massa do cimento assemelha-se à massa de vidraceiro ou permite a confecção de um rolete.

            Qualquer que seja o material obturador provisório utilizado é de suma importância que ele seja manipulado segundo as recomendações do fabricante para que apresente as melhores propriedades físico-químicas inerentes ao material.

Alguns materiais encontrados no mercado:

 

 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

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Update 19 de setembro de 2002
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