Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto

Universidaade de São Paulo

TESE DE LIVRE DOCÊNCIA

Prof.Dr. Jesus Djalma Pécora
 
 

Efeito das soluções de Dakin e de EDTA, isoladas, alternadas e misturadas, sobre a permeabilidade da dentina radicular
Effect on radicular dentin permeability of Dakin´s solution and  EDTA, used separately, alternately, or mixed during instrumentation
 

Ribeirão Preto, 1992, 147p.


    Introdução | Revisão |   Material e Método | Resultados | Discussão | Conclusões | Referências | Resumo | Summary


 

Introdução

A maioria das alterações patológicas da polpa começa com a remoção de uma ou de ambas as barreiras protetoras (esmalte e cemento), via cárie dental, fratura, erosão e abrasão, resultando na sua comunicação com a cavidade bucal, através dos canalículos dentinários.

A dentina é um tecido de origem mesodérmica, altamente diferenciado, produzido pela atividade dos odontoblastos, cujos corpos celulares estão situados na polpa dental, com prolongamento citoplasmático no interior do tecido calcificado formado.

Pela sua própria natureza, a dentina apresenta canalículos, que contêm em seu interior os prolongamentos dos odontoblastos e liqüido intersticial (PASHLEY, 1985) e, em virtude de sua estrutura anatômica, a dentina permite a passagem de substâncias ou fluidos, característica essa referida por MJÖR (1972) como permeabilidade dentinária.

O interesse pelo estudo da permeabilidade dentinária não é recente. Muitos pesquisadores se preocuparam com essa via natural, que permite a comunicação do meio bucal com a polpa dental. Por muito tempo, o estudo da permeabilidade dentinária foi realizado de modo qualitativo (BODECKER & APPLEBAUM, 1933; FISH, 1933; BEUST, 1912, 1931 e 1934; WAINWRIGHT & LEMOINE, 1950; MARTIN, 1951; WAINWRIGHT & BELGOROD, 1955; ANDERSON & RONNING, 1962; ARWILL et al, 1965; SMITH & VINCENZO, 1968).

Mais recentemente, tais estudos deixaram de ser apenas qualitativos, tornando-se quantitativos, com o objetivo de avaliar alguns fatores determinantes que influenciam a permeabilidade dentinária, tais como: reação da dentina exposta, sua espessura, temperatura, tempo decorrido após a extração do dente, efeito do tamanho das moléculas utilizadas no estudo da permeabilidade, resistência regional ao fluxo liqüido através da dentina, efeito do grau de obliteração dos canalículos, efeito do plasma e de constituintes salivares na permeabilidade, efeito da remoção da camada de smear e variação regional da permeabilidade dentinária (OUTHWAITE et al, 1976; PASHLEY & LIVINGSGTON, 1978; PASHLEY et al, 1978a e 1978b; PASHLEY et al, 1981, 1982 e 1987).

O estudo da permeabilidade dentinária despertou também o interesse dos endodontistas, uma vez que os canalículos podem alojar microrganismos, em conseqüência da infecção pulpar (SHOVELTON, 1964). A desinfecção desses canalículos constitui uma das fases do tratamento endodôntico, e para isso devem eles receber direta ou indiretamente a ação de um agente desinfetante.

Assim, com o intuito de verificar qual das soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares, ou qual dos medicamentos utilizados promoveria maior ou menor aumento da permeabilidade dentinária radicular, inúmeros pesquisadores investigaram o assunto, com a adoção de métodos os mais variados (WACH et al,1955; MARSHALL et al, 1960; HAMPSON & ATKINSON, 1964; MOSS, 1965; STEWART et al, 1969; COSTA, 1969; COHEN et al, 1970; ROBAZZA, 1973; MACCHETTI & CAMPOS, 1975; FRASER & LAWS, 1976; ROBAZZA & ANTONIAZZI, 1976; MOURA et al, 1978; ROBAZZA et al, 1981; FRÓIS et al, 1981; BENGTSON et al, 1983; PÉCORA, 1985; FELLER et al, 1986; ZUOLO et al, 1987; SILVA, 1988; MOURA et al, 1988; PROKOPOWITSCH et al, 1989; PÉCORA, 1990).

A instrumentação de canais radiculares atresiados sempre constituiu uma dificuldade para os profissionais que realizam a terapia endodôntica, e CALLAHAN (1894) propôs o uso de uma solução de ácido sulfúrico a 40 por cento, para descalcificar a dentina radicular e facilitar a instrumentação.

BUCKLEY (1926) recomendava o uso de uma solução de ácido fenolsulfônico a 80 por cento para a instrumentação dos canais radiculares, e GROSSMAN (1946) indicava uma solução de ácido clorídrico a 20 por cento para essa finalidade. Todos os ácidos propostos eram danosos aos tecidos vivos e aos instrumentos endodônticos.

Ao lado dessas soluções irrigantes de canais radiculares, outras foram também propostas e, dentre elas, a mais difundida foi a solução de hipoclorito de sódio a 5 por cento, conhecida como soda clorada,preconizada por WALKER (1936).

De qualquer forma, para atuar em canais calcificados e atresiados, os dentistas contavam com o auxílio de ácidos fortes, até que 0STBY (1957) propôs o uso de uma solução quelante, constituída de um sal dissódico do ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA). Esse sal de ácido orgânico fraco tem ação quelante em pH neutro e não possui ação danosa sobre os tecidos vivos .

O uso do EDTA foi rapidamente difundido e, a seguir, inúmeras pesquisas foram realizadas para dirimir certas dúvidas. O problema de sua ação contínua foi resolvida pela química, que explicou o fato de o EDTA seqüestrar de modo definitivo os íons metálicos Pb++, Zn++, Co++, Ni++, Cd++, Sn++, Ca++, Sr++, Ba++, Mg++, Bi+++ e Fe+++ (VOGEL,1981). O EDTA tem ação autolimitante, pois um mol de EDTA quela um mol de íon metálico. A ação do EDTA sobre a dureza da dentina foi estudada por PATTERSON (1963) e CRUZ-FILHO (1992) que verificaram sua capacidade em reduzir a dureza da dentina radicular.

Quanto à ação do EDTA sobre a permeabilidade dentinária, MARSHALL et al (1960) verificaram que essa solução reduzia a permeabilidade, e PÉCORA (1985) constatou que essa solução promovia um aumento da permeabilidade dentinária, tanto quanto as soluções de hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações.

Os pesquisadores YAMADA et al (1983), BYSTRON & SUNDQVIST (1985), BAUMGARTNER & MADER (1987), e GENGIZ et al (1990) verificaram que a irrigação dos canais radiculares com EDTA, seguida de irrigação com hipoclorito de sódio a 5 por cento, possibilitava melhor limpeza dos canais radiculares, com grande remoção da camada de smear.

Os resultados desses três últimos pesquisadores parecem claros, pois o uso do EDTA e do hipoclorito de sódio no interior dos canais radiculares parece somar as ações químicas do EDTA, que atua sobre a matéria inorgânica, e do hipoclorito de sódio que age sobre a matéria orgânica da camada de smear, favorecendo a sua remoção.

As afirmativas feitas por CAUDURO (1964) e PAIVA & ANTONIAZZI (1984), no sentido de que o hipoclorito de sódio neutralizaria o EDTA não corresponde à verdade dos fatos, uma vez que SAQUY (1991), por meio de dois métodos químicos e um físico, demonstrou que a quelação do EDTA não se altera em presença do hipoclorito de sódio.

Assim, com base nessas pesquisas, observa-se a necessidade de se investigar melhor o que ocorre quando do uso da solução de hipoclorito de sódio alternada ou misturada com EDTA.


REVISÃO
 

Assim como a natureza não dá salto, o conhecimento humano, em todas as áreas, progride numa seqüência gradual, em ciclos ora lentos, ora rápidos, dependendo do espirito de cada época.

A ciência Odontológica teve um ciclo evolutivo muito lento, desde o antigo Egito até os leitos brilhantes do grande cirurgião dentista Pierre Fauchad, no século XVIII. A partir dessa época, inúmeros acontecimentos propiciaram o desenvolvimento da Odontologia.

Os fatos marcantes, não só para a Odontologia mundial como para a norte americana, ocorreram entre 1937 e 1940, que foram: 1 - Fundação da primeira sociedade de cirurgiões-dentistas Society of Dental Surgeons of New York- em 1937 e que logo transformou-se na American Society af Surgeons Dentistry; 2- Fundação da primeira Escola de Odontologia da América - Baltimore College af Dental Surgery, em 1639 e, 3-O inicio da publicação de um periódico especializado - The American Journal af Dental Science, em 1640.

Esses três eventos consecutivos propiciaram o desenvolvimento de uma classe mais unida e mais cientificamente preparada.

Em nosso pais, a Odontologia ganhou seu espaço com o Decreta Imperial 9311 de 25 de outubro de 1664, que criou os cursos de Odontologia nas cidades do Rio de Janeiro e Salvador.

As criações de Escolas de Odontologia foram fundamentais para o progresso e desenvolvimento de nossa ciência, pois esses centros não só ensinavam técnicas operatórias como também investigaram as estruturas dentais e do aparelho estomatognático com vistas à Morfologia, Fisiologia e Patologia.

Assim, em 1866, M QUILLEN, professor de Anatomia, Fisiologia e Higiene do Colégio Dental da Filadélfia, publicou um trabalho descrevendo um método para examinar as estruturas dentais pelo microscópio. Com o auxilio desse novo instrumento cientifico, ele pode descrever a dentina e, inclusive, demonstrou a presença de canalículos nesse tecido e sua intima relação com o órgão pulpar.

A partir desse trabalho, divulgou-se a utilização do microscópio como instrumento útil para a investigação das estruturas dentais e, assim, os cirurgiões-dentistas passaram a entender melhor a estrutura microscópica do dente.

BOLL (1670) descreveu a presença da camada de odontoblastos no órgão pulpar, responsabilizando essas células pela formação de tecido dentinário.

ABBOTT (1880) investigou as diferenças existentes entre a dentina dos dentes permanentes e aos dentes primários e concluiu que os canalículos dos dentes deciduos apresentavam-se com maior diâmetro do que os dos dentes permanentes.

Com base nessas investigações cientificas, no final do século passado, os profissionais da Odontologia tinham noção de que a dentina apresentava estrutura canalicular e, portanto, era por sua própria natureza, um tecido permeável.

Nessa época, os cirurgiões-dentistas que se dedicavam ao tratamento endodôntico estavam preocupados em conseguir uma solução auxiliar da instrumentação que promovesse não só a limpeza como a desinfecção dos canais radiculares.

KIRK (1693) introduziu o dióxido de sódio como solução irrigante de canais radiculares. Esta substancia, não só limpava como
clarificava a dentina, pois atua como um potente agente oxidante. Quando em contato com a umidade do canal radicular, forma o hidróxido de sódio e libera oxigênio nascente.

No Congresso Odontológico realizado em Columbia, nos Estados Unidos da América, SCHREIER (1693) relatou o sucesso por ele alcançado com o uso de sódio e potássio metálicos como auxiliares da instrumentação de canais radiculares. A reação dessas substâncias químicas com a umidade presente nos canais radiculares formam o hidróxido de sódio e hidróxido de potássio com liberação de hidrogênio nascente. Na verdade, essa reação é explosiva e, portanto, foi logo abandonada pelos profissionais.

Um ano mais tarde, CALLAHAN (1894), professor de Odontologia da Escola de OHIO, preconizou a irrigação dos canais radiculares com solução aquosa de ácido sulfúrico a 40 por cento. Segundo o autor, a solução apresentava três efeitos. primeiro, possibilitava o alargamento dos canais radiculares atresiados; segundo, limpava; e, terceiro, desinfetava. A solução de ácido sulfúrico era neutralizada pela irrigação com solução de bicarbonato de sódio, que produz uma reação efervescente e elimina resíduos. Para irrigação final, aconselhava o uso de água destilada, ou álcool, ou água oxigenada, a fim de remover traços de bicarbonato de sódio aderidos às paredes dos canais radiculares.

A análise das substâncias químicas utilizadas por KIRK (1693), SCHREIER (1693) e CALLAHAN (1694) esclareceu que esses autores não se preocuparam com os efeitos negativos sobre os tecidos vivos. Assim, essa época constituiu um período bastante empírico.
Entretanto, o trabalho de CALLAHAN (1894), em última análise, parece mais criterioso, uma vez que ele já vislumbrava os atuais objetivos do tratamento endodôntico, ou seja, a instrumentação, a esterilização e a obturação.

Em 1900, HARLAN preconizou o uso de uma nova solução para a irrigação de canais radiculares tendo como base a papaína. Ele observou a ação eficaz dessa enzima na liquefação de tecidos orgânicos em putrefação.

KIRK (1910), em seu livro sobre Dentística Operatória, apresenta boas informações a respeito da histologia da dentina e chama atenção dos clínicos para a existência dos canalículos, inclusive calculando o seu diâmetro entre 1,1 a 2,5 micrômetros.

BEUST (1912), com o intuito de verificar se o esmalte dental apresentava defeitos que pudessem favorecer a infiltração de
microrganismos para o interior do dente, elaborou uma pesquisa com dentes extraídos, injetando pelo canal radicular dos dentes uma solução alcoólica de fuxina. O tempo que o corante levava para penetrar por toda a dentina coronária e atingir o esmalte variava de poucas horas a duas semanas. Por meio de cortes do tecido dental, o autor constatou que o corante penetrava pelos canalículos dentinários, muitas vezes atingindo e atravessando todo o esmalte.

ZSIGMOND (1912) relatou com muita propriedade a ação de soluções irrigantes ácidas e alcalinas. Em seu trabalho, chamou atenção para o fato de que os ácidos, quer orgânicos ou inorgânicos, tem ação na dissolução de sais de cálcio da dentina, deixando a massa colágena mais fácil de ser removida pela ação mecânica dos instrumentos. Observou, ainda, que a ação dos álcalis é diferente, ou seja, que essa solução destrói a matriz orgânica e, desse modo, os sais de cálcio são eliminados. Nesse trabalho, o autor é favorável ao uso dos álcalis como solução irrigante, uma vez que os ácidos atuam diretamente sobre tecidos vivos e sobre os instrumentos endodônticos.

BARRETT (1917) relatou a eficiência da solução de Dakin como anti-séptico. A sua solução baseava-se na fórmula proposta por DAKIN (1915), e correspondia a associação de uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5% com ácido bórico, o qual tinha objetivo de diminuir o pH da primeira solução. De acordo com o propositor, a solução tinha a capacidade anti-séptica pela sua reação química, com a formação de cloramina, em função das proteínas presentes nos tecidos.

HANAZAWA (1917) realizou uma exaustiva investigação sobre a dentina, constatando a presença de prolongamentos de odontoblastos no interior dos canalículos dentinários. Esse autor afirmou que a ação de ácido sobre a dentina, mesmo por pouco tempo, era capaz de promover um aumento extraordinário nos diâmetros dos canalículos dentinários.

BUCKLEY (1926), professor Titular de Matéria Médica, Farmacologia e Terapêutica do Colégio de Cirurgia Dental de Chicago, escreveu em seu livro que a solução de hipoclorito de sódio (Licor de Labaraque) deve ser usado somente para clarear os dentes. Como solução irrigante de canais radiculares com polpa necrosada, ele recomendava o uso do ácido fenolsulfônico a 60 por cento e neutralizava-o com uma solução de bicarbonato de sódio a 10 por cento. Nesse livro, ele fez severas criticas ao uso do ácido sulfúrico como irrigante de canais radiculares, porque esse ácido provoca danos violentos aos tecidos periapicais e, sustentou que o ácido por ele proposto era menos irritante.

TURNER (1927) escreveu um capitulo sobre Histologia dos dentes humanos no livro La Práctica Odontológica de JOHNSON, no qual reforça o fato de a atividade do odontoblasto poder ser estimulada pelas irritações pulpares produzidas pela cárie e por abrasões, erosões e fraturas. Explicou assim a formaç3o da dentina secundária como um mecanismo de defesa da polpa dental contra os agentes irritantes.

A inclusão de capítulos dedicados à Anatomia e Histologia dos dentes, em tratados de natureza primordialmente clinica, demonstra a preocupação e o cuidado de seus autores em ressaltar a estreita relação entre as atividades clinicas e os seus fundamentos biológicos.

COOLIDSE (1929) investigou a presença dos microrganismos mais comumente encontrados nos canais radiculares infectados e a ação de soluções germicidas sobre eles. Demonstrou assim a penetração do cloro nascente até em espaços inacessíveis dos canais radiculares, o qual neutralizava tanto os produtos tóxicos como os gazes formados pela putrefação. O autor concluiu que a desinfecção de um canal contaminado é conseguida pela ação química de soluções irrigantes capazes de destruir os microrganismos e neutralizar seus produtos tóxicos, auxiliadas pela ação mecânica de instrumentos endodônticos que removam materiais durante o processo de alargamento desses canais.

BEUST (1931) investigou as reações da dentina frente à irritação externa, por meio de cortes histológicos de dentes, e com uso de corante, observou áreas de maior permeabilidade. Com base em seus achados, concluiu que uma ação irritante na dentina pode ocasionar a completa obliteração dos canalículos dentinários, e que a esclerose da dentina e a conseqüente diminuição do volume da câmara pulpar constitui uma forma de resistência do dente à cárie.

O avanço das pesquisas, principalmente no campo da Anatomia e Histologia, fez os cientistas se voltarem com mais rigor para a investigação da permeabilidade do tecido dentinário, sob os mais variados aspectos. Tanto assim que BODECKER & APPLEEAUM (1933), com base em estudos histológicos, investigaram a variação da permeabilidade dentinária e suas relações com a ação dos profissionais na clinica. Nesse estudo, analisaram o comportamento da permeabilidade dentinária sob lesões cariosas, e também de dentina secundaria. Chegaram às seguintes conclusões a dentina é mais permeável nos dentes jovens; a permeabilidade desse tecido é progressivamente reduzida com o avanço da idade do dente; a cárie dental, a erosão e a abrasão causam alterações no padrão da dentina, deixando-a menos permeável; e, finalmente, dentes com polpa calcificada apresentam redução na permeabilidade dentinária.

FISH (1933) estudou a permeabilidade dentinária sob ação do corante azul de metileno. Os dentes permaneciam no corante por um tempo de 24 horas à temperatura de 37 graus centígrados. O autor observou que nas áreas onde a dentina se apresentava hipermineralizada, a permeabilidade estava acentuadamente reduzida.

Novamente, BEUST (1934) estudou a dentina sob ângulo de sua permeabilidade, e ratificou os achados de BODECKER &
APPLEBAUM (1933) e FXSH (1933), ao admitir que, com o aumento da faixa etária do dente, a dentina tornava-se mais resistente e infiltração de corantes.

WALKER (1936) propôs o uso de uma solução de hipoclorito de sódio a 5,0 por cento (soda clorada) para a instrumentação dos canais radiculares de dentes despolpados. Em seu trabalho, ele esclareceu que essa solução foi utilizada após a indicaç3o feita pelo Dr. Blass, da Universidade de New York. Quanto à parte experimental, o autor dá ênfase ao explicar que o tratamento endodôntico é um procedimento especializado e, assim, exige uma atenção especial para todos os detalhes, por exemplo, a esterilização e a manipulação dos canais radiculares, e a proteção do paciente e do operador deva ser rigorosamente observada, pois o canal radicular infectado aloja microrganismos de ação contaminante.

GROSSMAN & MEIMAN (1941), após estudos de vários agentes químicos aplicados em técnicas endodônticas, tais como as soluções de ácido sulfúrico, de sódio e potássio metálicos, de dióxido de sódio, de metilato de sódio, de papaina e de soda clorada ratificaram a afirmativa de WALKER (1936), no sentido de que a solução de soda clorada é a mais efetiva como solvente do tecido pulpar. Essa afirmativa de WALKER(1936) e GROSSMAN & MEIMAN (1941), em última análise, conduziu a um tratamento mais disciplinado quando ao uso de solução irrigante.

GROSSMAN (1943), baseando-se trabalhos de WALKER (1936) e GROSSMAN & MEIMAN (1941), sugeriu uma irrigação para o tratamento de canais radiculares que, sem dúvida, resistiu às críticas por um período de aproximadamente cinqüenta anos. Essa técnica, em resumo, fundamenta-se na irrigação alternada, primeiro com hipoclorito de sódio a 5%, depois com o peróxido de hidrogênio a 3,0% e novamente com hipoclorito de sódio. Assim, associou-se a capacidade solvente do hipoclorito de sódio com a liberação de oxigênio nascente do peróxido de hidrogênio. Como justificativa para a sua técnica, o autor cita o seguinte axioma: " antes de uma ferida estar pronta para receber o agente quimioterápico, todo resto necrótico e sujeira devem ser removidos".

Em 1944, a Odontologia mundial foi agraciada com um dos melhores livros até hoje editado sobre o tratamento de canais radiculares. Trata-se do livro de PUCCI & REIG, onde os autores fazem, no primeiro volume, uma magnifica apresentação sobre os conhecimentos de Anatomia, Histologia e Patologia dos tecidos dentais e periapicais. Cumpre ressaltar que os autores apresentam um tópico especial sobre Fisiologia da dentina humana, onde dão ênfase à difusão dos fluidos através desse tecido, deixando bem claro que isso depende de vários fatores: presença dos canalículos dentinários, números por unidade de área e grau de liberação.

Para eles, os clínicos deveriam conhecer a fisiologia desse tecido para poderem atuar com segurança durante a terapêutica e evitar procedimentos inadequados danosos à polpa e aos tecidos periodontais.

Com o objetivo de verificar a ação de vários medicamentos comumentes utilizados nos consultórios odontológicos sobre a
permeabilidade da dentina, AMLER (1946) realizou uma pesquisa na qual preparou várias cavidades em dentes de cães, empregando vários medicamentos e o P32 como indicador da permeabilidade dentinária. A seguir, as cavidades eram restauradas com amálgama de prata. Os animais foram sacrificados após 48 horas e os dentes removidos. Após a secção dos dentes, foram realizados estudos autorradiográficos. Os medicamentos testados foram: fenol, fluoreto, nitrato de prata, eugenol, verniz cavitário e cimento fosfato de zinco. Nas cavidades restauradas com cimento fosfato de zinco, não foram observadas penetrações de substâncias radioativas. Nos casos onde foram empregados os demais medicamentos, as infiltrações de radioisótopos foram maiores do que as observadas nos dentes onde não se empregou medicamento (controle).

Com base nesse estudo, o autor chama a atenção para a utilização de uma base protetora de cimento fosfato de zinco sobre a dentina.

Em 1949, MARIO BADAN, cirurgião-dentista brasileiro, publicou um livro texto essencialmente dedicado à área da Endodontia. Em um de seus capítulos oferece uma técnica, enfatizando a função do oxigênio nascente e a liberado da prata que tem as seguintes propriedades: super oxidante, analgesiante, citolitica, antiflogistica e bloqueia as intoxicações decorrentes dos anaeróbios.

Após a Segunda Guerra Mundial, o uso de substâncias radioativas foi mais difundido para testar a permeabilidade dentinária O método baseia-se no uso de radioisótopos como indicador da permeabilidade dentinária e os resultados são obtidos por meio de autorradiografias. As imagens radiográficas indicam que quanto maior a penetração do radioisótopo, maior será a permeabilidade da dentina.
 

Com o objetivo de analisar a permeabilidade do esmalte, WAINWRIGHT & LEMOINE (1950), empregaram a uréia marcada com C14. Os resultados evidenciaram que após dez minutos, as substâncias empregadas penetravam, mesmo nos casos da não existência de lamelas e trincas.

MARTIN (1951) estudou várias substâncias utilizadas em Odontologia e suas capacidades de bloquear, ou não, a infiltração de
radioisótopo, no caso o P32. Dentre as doze substâncias utilizadas no forramento da parede pulpar da cavidade, chegou e conclusão de que somente o cimento fosfato de zinco e o fluoreto de cálcio lograram impedir a infiltração do P32, provocando a impermeabilidade na dentina ao radioisótopo.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) estudaram a ação de um ácido orgânico ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) como agente desmineralizador de tecido duro. A sua ação dá-se pela reação de quelação com o cálcio. Desse estudo, pode-se concluir que o ácido orgânico tem ampla capacidade de ação desmineralizante, estabelecendo-se inclusive novas bases para a aplicação do ácido etilenodiaminotetraacético

JUSSILA & POHTO (1954) analisaram o eleito de várias soluções de EDTA (ácido etilenodiaminotetraacético sal dissódico) sobre o tecido dentinario e observaram que uma solução aquosa de EDTA a 10 por cento e pH 11 dissolvia dentina de modo considerável no espaço de tempo de 10 a 15 minutos. Notaram também que essa solução apresentava um efeito hidrolisante sobre as proteínas, e portanto deveria ser considerada uma solução danosa aos tecidos vitais.

WAINWRIGHT & BELGOROD (1954) relacionaram quatro substâncias marcadas nicotinamida C14, uréia C14, thiourea S35 e acetamida com a capacidade de penetração em profundidade na dentina. Os resultados apresentados evidenciaram que todas as substancias penetram rapidamente na dentina e atingem a região da junção dentina-esmalte em vinte e quatro minutos. Do exposto, verifica-se que houve preocupação em analisar o grau de permeabilidade da dentina coronária e, a rigor, a penetração de substâncias tanto medicamentosas como não, se faz através dos canalículos dentinários. Par outro lado, também ficou evidenciado que quanto mais presente hipercalcificação, menor a profundidade da penetração do indicador.

WACH et al (1955), em pesquisa "in vitro" utilizando penicilina marcada g35, avaliaram os vários graus de penetração em que estava presente nas várias secções de raízes de dentes humanos e notaram que a penetração desse isótopo foi menor na região apical. Esta particularidade chamou a atenção dos pesquisadores que prosseguindo seus estudos analisaram microscopicamente cortes histológicos da região apical. Eles observaram que a região apical apresentava-se com uma estrutura diferente das outras secções que dentificaram como dentina transparente. Em vista dos resultados, afirmaram que a penetração se processa pelos canalículos dentinários.

OSTBY (1957), com base no trabalho de NIKIFORLUK & SREEBNY (1953) e de JUSSILA & POHTO (1954), indicou o ácido
etilenodiaminotetraacético sal dissódico (EDTA) para a instrumentação de canais radiculares com o objetivo de substituir os ácidos inorgânicos fortes, até então utilizados. O EDTA em pH 7,3 é biologicamente compatível aos tecidos pulpares e periapicais. O autor propôs o uso de uma solução de EDTA a 15 por cento com pH 7,3. Esse pH é obtido pela adição de hidróxido de sódio 5N.

HILL (1959) adicionou o tensoativo catiónico Cetavlon cetyltrimethylammonium bromide) à solução de EDTA, formando assim a associação EDTAC. Ele observou que essa associação dava capacidade bacteriostática ao EDTA e verificou que esse novo produto amolecia a parede dentinária de um canal radicular no espaço de 3 a 5 minutos.

MARSHALL et al (1960) estudaram a permeabilidade da dentina radicular. Eles dividiram as amostras de dentes em quatro grupos, a saber grupo um, formado por dentes controle para o teste, que não receberam a instrumentaçto mecínica, mas somente a remoção da polpa com extirpa-nervos; grupo dois, formado por dentes que receberam a instrumentação mecânica do canal radicular e irrigados com água; grupo três, compostos por dentes que receberam o tratamento mecânico, isto é, instrumentação com o auxilio de soluções irrigantes EDTA , soda clorada 5,25 por cento alternada com água oxigenada a 3,0 por cento , nitrato de prata amoniacal e solução de ácido sulfúrico a 40 por cento neutralizada após um minuto de ação com uma solução de bicarbonato de sódio (CALLAHAN, 1894).
Finalmente, o quarto grupo, composto de dentes que tiveram os seus canais radiculares instrumentados com o auxilio das soluções de água oxigenada a 3,0 por cento (3 ml durante cinco minutos); soda clorada a 5,25 por cento ( 3,0 ml durante cinco minutos); nitrato de prata amoniacal ( um minuto); ácido sulfúrico (um minuto) e eugenol (cinco minutos). A permeabilidade foi indicada pelo uso dos radioisótopos S35, Na22, I131 e P32, ou sejam, soluções marcadas de sulfato de sódio, cloreto de sódio, iodeto de sódio isotónica e fosfato de sódio, respectivamente. O método para analisar a permeabilidade dentinária constituia-se no seguinte: após obtida a autorradiografia de cada hemissecção, dividia-se a imagem da raiz do dente em três terços cervical, média e apical. Cada uma dessas áreas era subdividida em três partes, tanto no sentido longitudinal como no sentido transversal. A profundidade da penetração foi quantificada observando-se a penetração do radioisótopo ao longo dos canalículos dentinários, indo da parede do canal até o cemento. A penetração foi quantificada em 1, 2 e 3, de acordo com o número de terços atingidos.
A extensão da penetração no sentido cérvico - apical foi quantificada do mesmo modo. Assim, cada área da raiz (cervical, média e apical) era dividida em nove quadrados. O Índice da Permeabilidade Dentinária foi determinado para cada área da raiz pela multiplicação da média da profundidade pela média da extensão. O mesmo resultado pode ser obtido, também, pela contagem do número de quadrados envolvidos em cada área.
Com base nesse experimento, os autores tiraram as seguintes conclusões: 1- as áreas cervical e média da dentina radicular
apresentavam-se permeáveis a todos os isótopos testados, entretanto, a dentina da área apical da raiz apresentou-se muito pouco permeável; 2 - o alargamento mecânico do canal apresentou pouco efeito sobre a permeabilidade dentinária; 3- o ácido sulfúrico usado isoladamente ou com bicarbonato de sódio reduziu a permeabilidade da dentina aos isótopos, especialmente ao em todas as áreas; 4- a água oxigenada e a soda clorada usadas alienadamente proporcionaram um aumento significante na permeabilidade dentinária. A água oxigenada e a soda clorada usadas isoladamente também aumentaram a permeabilidade, mas em menor intensidade do que quando utilizadas de modo alternado; 5-o nitrato de prata produziu um aumento acentuado na permeabilidade. 6- As soluções de EDTA, eugenol e bicarbonato de sódio diminuíram a permeabilidade da dentina ao isótopos e, 7- o S35 foi o isótopo mais eficiente nesse estudo.
O grande mérito desse trabalho tem base na formulação do indice de Permeabilidade Dentinária (IPD), pois fornece um parâmetros para avaliar matematicamente os níveis de permeabilidade das , paredes dentinárias do canal radicular e, inclusive, face à reprodutibilidade dos ensaios, muitos autores adotaram esse método.
O Índice de Permeabilidade Dentinária proposto por MARSHALL et al (1960) foi a primeira tentativa no sentido de quantificar a permeabilidade dentinária radicular.

ANDERSON & RONNING (1962) avaliaram a permeabilidade da dentina coronária de duas maneiras, utilizando em ambas, técnicas diferentes de obtenção de secções dentinárias: corte da coroa por instrumentos rotatórios e fratura da coroa. Como conclusão, observaram que nos cortes obtidas por instrumentos rotatórios havia menor penetração de corante em relação aos cortes obtidas por meia de fraturas da coroa. Eles observaram que a presença da camada de smear impede uma maior infiltração de corantes nos canalículos dentinárias.

PATTERSON (1963) realizou um exaustivo trabalho sobre o efeito do EDTA e do EDTAC sabre a dureza da dentina, usando teste de dureza Knoop. Ele constatou que a superfície da dentina tinha sua dureza gradualmente reduzida após a aplicação do EDTAC. Além dessa observação, ele também constatou que a solução de EDTAC não era injuriosa aos tecidos periapicais.

Von FEHR & OSTBY (1963), com muita propriedade, recomendaram uso da associação composta pelo EDTA e Cetavlon, (EDTAC). Essa associação é mais bacteriostática e apresenta menor tensão super superficial do que a solução de EDTA.

CAUDURO (1964), professor de Odontologia de Porto Alegre,publicou um Manual de Endodontia e, no capitulo destinado ao preparo dos condutos radiculares, ele cita que a solução de EDTA é neutralizada pelo hipoclorito e pela água oxigenada e, por tal razia, não devem ser utilizados alternadamente e, ainda comenta que o EDTA para fazer efeito deva permanecer no interior dom canais radiculares por pelo menos 15 minutam.

HAMPSON & ATKINSON (1964), ratificando parte das resultados alcançados por WACH et al (1955), observaram que a região apical é a que apresenta menor penetração aos radioisótopos s35 e I131 Eles observaram que a estrutura dentinária dessa região tem um aspecto mais transparente. Nesse trabalho, foram utilizadas as seguintes soluções irrigantes 3 cloramina, EDTA a 15 por cento, cetrimide,clorexidina, nitrato de prata amoniacal, eugenol, salução de nitrato de prata seguida de eugenol, e tricresol. Além dessas soluções, utilizaram a que poderia ser chamado de teste em branco, ou seja, a instrumentação do canal radicular sem emprega de soluções irrigantes.

Resultados comparativos entre as instrumentações a seco e aquela com o auxilio de soluções irrigantes, tais como claramina, EDTA e cetrimide, possibilitaram aos autores concluírem que a instrumentação a seco provocava o aumento da permeabilidade, enquanto que o uso de soluções promovia Aumento da permeabilidade dentinaria.

Nesse mesmo ano, GOING (1964) observou que, ao se remover a camada de esmalte, os canalículos dentinários são expostos,
Possibilitando a penetração de fluidos de cavidade bucal Isso pode ocorrer tanto com uma solução de corante de violeta de genciana, que é uma solução cujas moléculas medem 12 Angstroms, quanto com uma solução de radioisótopos, cuja constituição iônica mobiliza partículas que medem 4,32 Angstroms, portanto, proporcionalmente muito menores.

Embora tanto um tipo de partículas como o outro possa penetrar pelos canalículos dentinários livremente abertos, a aplicação do material restaurador tende a modificar o comportamento desses dois tipos de soluções dificultando desses dois tipos de soluções dificultando as suas penetrações, sendo que as suas eficiências variam em função do material restaurador utilizado. O autor verificou que o emprego de vernizes forradores, visando a impermeabilizar ainda mais o tecido dentinário à penetração desses elementos, não conseguiu esse objetivo de modo efetivo, tanto para o corante como para o radioisótopo.

HELING et al (1965) realizaram uma pesquisa onde compararam a ação do EDTA e do ácido clorídrico a 20 por cento na remoção de cálcio dos canais radiculares. Eles concluíram que a solução de EDTA preconizada por ODTBY (1957) era tão efetiva quando a solução de ácido clorídrico a 20 por cento, na instrumentação do canais radicular.

MOSS (1965) realizou uma pesquisa original, pois foi pioneiro no estudo da permeabilidade da furca de molares. Ele investigou o assoalho da câmara pulpar dos dentes decíduos, as alterações histológica encontradas na bifurcação e a hipótese de que os materiais necróticos possam sair da câmara pulpar através do assoalho e atingir a região interradicular. Para essa pesquisa, o autor selecionou, de um total de 423 dentes decíduos examinados em pacientes, apenas 56 que apresentavam as seguintes características exigidas: mais da metade das estruturas das raízes estavam presentes e rarefação na área entre as raízes. O trabalho foi dividido em duas partes.

Na primeira, verificou-se que o assoalho da câmara pulpar de um dente infectado era mais permeável que o de um dente sadio. Na Segunda, pesquisou-se os tecidos do assoalho da câmara pulpar dos dentes infectados comparativamente com os tecidos dos dentes não infectados. Para o estudo de permeabilidade dentinária, o autor utilizou o azul de metileno. O grau de penetração foi baseado no tempo decorrido entre a colocação do corante na câmara pulpar até o seu aparecimento no lado externo da furca. Com base nessa metodologia, o autor concluiu que o assoalho da câmara pulpar de um dente infectado apresentava-se mais permeável ao corante do que nos casos de dentes sem infecção. O estudo histológico evidenciou que, de todos os dentes analisados, 20 por cento apresentavam canais laterais ligando o assoalho da câmara pulpar a bifurcação.

Na tentativa de esclarecer dúvidas quando a permeabilidade do esmalte e da dentina fresca e coagulada, ARWILL et al (1965) levaram o efeito uma pesquisa bastante original. Eles utilizaram 16 pares de pré-molares humanos intactos, extraidos por razões ortodônticas. Após a extração, um dente de cada foi fervido com solução de Ringer durante cinco minutos, para coagular as substâncias orgânicas. A parte apical das raízes foi cortada e a parte remanescente foi recoberta com cera, de modo a formar um funil. A parte da coroa foi submersa em um reagente contendo solução de Ringer com volume conhecido. Com uma pipeta, foi colocada na câmara pulpar uma solução saturada de NaCl com Na22 . Em intervalos de tempo, eram colhidas amostras da solução de Ringer e analisado o teor de Na22.

Na Segunda parte do experimento, os outros dentes foram tratados de modo similar aos dentes do primeiro grupo, exceção do
aquecimento. Os resultados evidenciaram que a coagulação dos tecidos orgânicos promovia uma redução efetiva na permeabilidade dentinária.

WEINREB & MEIER (1965) aconselharam a troca constante da solução de EDTA durante a instrumentação de um canal radicular. Eles concluíram que essa toca deve ser feita a cada três minutos para se obter um máximo de eficiência quelante.

MARTIN et al (1968) pesquisaram, "in vitro" a permeabilidade da dentina da região apical de canais radiculares. Na metodologia selecionada, os autores introduziram no canal radicular cones de papel absorventes esterilizados até alcançar o ápice. Esses cones eram previamente esterilizados e impregnados com os seguintes medicamentos: paramonoclorofenol, penicilina, formocresol e procaina. Cada grupo de dente, inclusive o grupo controle, recebeu a identificação. A região desses foi posicionada verticalmente, isto é, com os seus ápices em contato com um meio de cultura, inoculado com Streptococcus do grupo 1 e, a seguir, armazenados à temperatura de 37 graus centígrados, pelo período de 72 horas. Dos seus estudos, chegaram ás seguintes conclusões: o grupo tratado pelo paramonoclorofenol foi o que obteve maior atividade, desde que obteve maior atividade, desde que esse grupo em relação aos grupos tratados com penicilina, procaina e formocresol apresentou um maior halo de inibição na cultura inoculada.Tomando o grupo de dentes controle como parâmetro observaram que todas as drogas se difundem no meio de cultura, desde que estavam presentes, tendo em vistas o maior ou menor diâmetro do halo de inibição. Finalmente, os resultados evidenciaram que os medicamentos podem ter ação de difusão.

SMITH & VICENSO (1968) propuseram uma nova técnica para estudar a permeabilidade dentinária, com a possibilidade de manter os dentes com as mesmas condições do estado vivo. Os dentes extraídos foram colocados imediatamente em meio de cultura, encubados com umidade próximo a 100 por cento, à temperatura de 37 graus centígrados. Uma solução teste de Na22 , I131 , e Fe59 foi colocada em uma capa plástica ligada a coroa. Um tubo de latex, em forma de T, foi ligado ao terço apical do dente e servia como um coletor de perfusão. Os autores recomendaram esta técnica para os estudos dos mais variados fatores que podem influenciar na permeabilidade do esmalte e da dentina. Eles observaram que a permeabilidade dos dentes variava com o tipo de isótopos utilizados. O Fe59 não penetrou em nenhum dos dentes testados, por um período de 24 horas.

COSTA (1969), não o objetivo de investigar a ação do ferrocianeto de prata no processo de inibição das atividades dos microrganismos, observou não só a sua capacidade bactericida e bacteriostática, mas ainda, a sua capacidade em promover alta impermeabilização da dentina ao corante azul de metileno. O ferrocianeto e prata é obtido pela aplicação do ferrocianeto de potássio a 5 por cento, seguida da aplicação do nitrato de prata a 2 por cento sobre a dentina. O autor chamou a atenção para o alto valor da impermeabilização obtida por essa substância.

Com o intuito de trabalhar com moléculas tão pequenas como as dos radioisótopos, mas sem nenhum perigo, ROSELINO & MINELLI (1969) efetuaram uma pesquisa em dentes de coelhos e ratos, utilizando um método histoquimico, idealizados por eles, capaz de detectar, localizar e identificar a presença do ácido fosfórico na dentina. Para isso, prepararam cavidades classes V em dentes desses animais, restaurando-as com cimento de silicato, a cujo líquido adicionaram sulfato de níquel numa proporção tal que não interferisse no processo de consolidação do cimento. Após 24 horas os dentes eram removidos e seccionados longitudinalmente no sentido vestibulo-lingual e desgastados com lixas, até que o corte atingisse cerca de 50 micrômetros de espessura. Essas secções histologicas eram lavados em água corrente durante 6 horas para remover dos cortes os resíduos abrasivos da lixa, e então submetidos ‘a ação de uma solução alcoolica de dimetilglioxima. A presença de ácido fosforico era denunciada por meio aditivo de sulfato de níquel presente presente no líquido do cimento infiltrado na dentina, pela formação do complexo Ni-dimetilglioxima, de intensa coloração vermelha. Nos controles, selados com cimento de óxido de zinco-eugenol, as reações foram todas negativas.

STEWART et al (1969), aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade anti-séptica do peróxido de uréia,
preconizaram uma nova solução auxiliar de instrumentação com a consistência de um creme. Os autores a identificaram comercialmente com o nome de RC-PREP. Ela contém 15 por cento de EDTA, 10 por cento de peróxido de uréia e 75 por cento de carbowax. O RC-PREP é introduzido na câmara pulpar e, sobre ele, é adicionado soda clorada (hipoclorito de sódio a 5 por cento). Disso resulta uma reação de efervescência, com liberação de oxigênio nascente. Testes bacteriológico mostram que, após a instrumentação, 97,6 por cento das culturas apresentaram resultados negativos quanto ao crescimento de microrganismo.

COHEN et al (1970) compararam, "in vitro", a eficiência de várias soluções irrigantes em promover ação sobre a permeabilidade de dentinária radicular. Eles testaram o hipoclorito de sódio a 5 por cento, hipoclorito de sódio a 5 por cento alternado com água oxigenada a 3 por cento, peróxido de uréia em glicerina anidra (Gly-Oxide) associada ao hipoclorito de sódio a 5 por cento, o EDTA com peróxido de uréia (Rc-prep) mais hipoclorito de sódio a 5 por cento e Zefirol a 0,1 por cento. Após a instrumentação dos canais radiculares, utilizaram o azul de metileno para detectar a permeabilidade da dentina. A penetração do corante foi calculada pelo índice proposto por MARSHALL et al (1960). Os outores verificaram que o Rc-prep associado ao hipoclorito de sódio a 5 por cento promoveu um aumento acentuado da permeabilidade dentinária nos três terços dos canais radiculares.

SENIA et al (1971) verificaram a ação do hipoclorito de sódio a 5,25 por cento como solvente do tecido pulpar. Esse estudo " in vitro" provou que essa solução tem ação mais efetiva nos casos dos canais com diâmetros relativamente grandes do que nos casos de canais atresiados. São questionáveis os resultados alcançados na capacidade de dissolução de tecido pulpar a 3 mm do ápice.

MJOR (1972) publicou um artigo sobre a dentina coronária humana, onde relatou que a unidade desse tecido inclui as matrizes intercanaliculares e pericanaliculares, que são mineralizadas, e os conteúdos dos canalículos, que compreendem o tecido mole, ou seja, o processo odontoblástico e o espaço periodontoblástico. A pré-dentina não mineralizada limita a dentina da polpa. A distribuição normal dessas unidade depende do estágio de desenvolvimento do dente. O autor citou, ainda, que um aumento na mineralização da dentina humana relatado como uma mudança dependente da idade, cárie, atrição, e da aplicação de certos materiais. A posição e a extensão das áreas que exibem aumento de mineralização variam, marcadamente, sob diferentes condições.O aumento da mineralização da dentina pode reduzir sua permeabilidade. Para esse investigador, a dentina secundaria irregular, também conhecida como dentina reparadora ou dentina terciária, é uma reação típica que pode ocorrer sob uma gama de condições. O autor chama atenção para o fato que a dentina secundária irregular pode conter mais material orgânico a ser menos mineralizada do que a dentina primária.

BRANNSTROM & GARBEROGLIO (1972), por meio da microscopia eletrônica de varredura, estudaram os canáliculos dentinários e os prolongamentos dos odontoblastos da dentina de pré-molares humanos. Os dentes foram fraturados com o objetivo de deixar os canalículos abertos. Os canalículos eram examinados desde a parte de contato com a polpa até a junção dentina-esmalte. Eles observaram que os prolongamentos odontoblásticos não preenchiam todo o comprimento dos canalículos, mas apenas um quarto de seu comprimento total.

Com base no trabalho de SREWART et al (1969), PAIVA & ANTONIAZZI (1973) preconizaram o uso de um composto cremoso a base de 10 por cento de peróxido de uréia, 15 por cento de tween 80 e 75 por cento de carbowax. Esse composto é identificado como ENDO-PTC.

ROBAZZA (1973) avaliou "in vitro" a permeabilidade da dentina após a utilização das soluções preconizadas por GROSSMAN (1943), VARELLA & PAIVA (1969) e PAIVA (1969) e PAIVA & ANTONIAZZI (1973). Para detectar a maior ou a menor permeabilidade dentinária, o corante azul de metileno a 0,5% por cento foi injetado no canal radicular e os resultados foram analisados de acordo com o método proposto por MARSHALL et al (1960). Numa das suas conclusões, o autor afirma que a técnica preconizada por PAIVA & ANTONIAZZI (1973) proporcionou maior permeabilidade no terço apical dos canais radiculares.

A biocompatibilidade das soluções irrigantes sobre o coto pulpar foi estudada por NERY et al (1974). Os autores selecionaram o soro fisiológico, a solução saturada de hidróxido de cálcio, a água oxigenada a 10 volumes, o Dakin, a soda clorada, o EDTAC, o EDTA mais peróxido de uréia, o EDTA recém preparado, incluindo também a água destilada. Dos resultados obtidos, os autores, após exames histológicos, admitiram que todas as substâncias estudadas, por 48 horas, produzirem necrose do coto pulpar e processo inflamatório nos tecidos periapicais, de intensidade e extensão variáveis. Dentre as substâncias testadas, as menos irritantes foram: a água destilada, a água de cal, o EDTA e o EDTAC. A adoção de curativo de demora, a base de corticosteróide e antibióticos, inibe a irritação produzida pelas substâncias empregadas.

O estudo sobre a permeabilidade dentinária da área da furca dos dentes primários despertou o interesse de duas odontopediatras, MARCHETTI & CAMPOS (1975). Elas pesquisaram a permeabilidade dentinária dessa área em 160 molares humanos primários. Após as extrações, os dentes foram preparados de forma a remover a polpa ou tecido decomposto. As câmaras pulpares receberam os seguintes medicamentos: cimento óxido de zinco-eugenol, formocresol, tricresol e formol a 10 por cento. Esses medicamentos foramaplicados isolados e, também, associados. O grupo controle não recebeu nenhuma medicação. Após decorrido o tempo padronizado, os materiais foram removidos e, a seguir, os dentes foram imersos em solução de iodo radioativo por 24 horas. Findo esse tempo, realizaram-se autorradiografias que, após analisadas, possibilitaram as seguintes conclusões: 1 – o grau de permeabilidade da dentina, na área da bifurcação das raízes dos molares decíduos, foi em torno de 58 por cento: 2 – essa permeabilidade foi bastante aumentada pelo formol a 10 por cento, pelo tricresol e pelo formocresol; 3 – o óxido de zinco-eugenol mais formocresol aumentava a permeabilidade da dentina, apenas nas primeiras horas e, 4 – o cimento óxido de zinco-eugenol diminui sensivelmente a permeabilidade da dentina.

FRASER & LAWS (1976) pesquisando a ação desmineralizadoras do EDTA, verificaram que as regiões cervical e média do canal radicular sofriam ação quelante, mas a dentina da região apical permanecia inalterada.

OUTHWAITE et al (1976) realizaram uma pesquisa para analisar os efeitos das alterações na superfície, espessura, temperatura e tempo decorrido após a extração sobre a permeabilidade da dentina humana. Os autores prepararam discos de dentina humana de dentes terceiros molares inclusos recém extraídos. Esses discos tinham espessuras determinadas e, estavam livres de esmalte, e foram colocados em uma câmara dupla.
O iodeto radioativo era colocado de um lado do disco e a quantidade que penetrava para o outro lado era coletada e calculada. Com base nos resultados obtidos , os autores concluíram: 1 – dobrando a área, dobrava a quantidade de iodeto que passava pela dentina, na unidade de tempo; 2 – a redução da espessura do disco de dentina produzia um aumento na permeabilidade dentinária; 3 – o aumento de temperatura de 10 graus centígrados dobrava a permeabilidade da dentina ao iodeto radioativo e, 4 – o tempo decorrido após a extração do dente tinha pouco efeito sobre a permeabilidade da dentina " in vitro" .

Mais uma vez, por meio da microscopia eletrônica da varredura, GARBEROGLIO & BRANNSTROM (1976) analisaram os canalículos dentinários humanos. Eles fraturaram a dentina coronária de 30 dentes intáctos, de faixas etárias diferentes, e examinaram as várias distâncias em relação ‘a polpa. Próximo da polpa, encontraram um número de canalículos dentinários estimados em 45000 por milímetro quadrado e com diâmetro de 2,5 micrômetros. No meio da dentina, observaram a presença de 29500 canalículos dentinários por milímetro quadrado com diâmetro de 1,2 micrômetro. Na parte periférica da dentina, ou seja, próximo a junção amelodentinária, encontraram um número de 20000 canalículos por milímetro quadrado, com diâmetro de 0,9 micrômetro.
Os diâmetros dos canalículos aumentavam, consideravelmente, quando a superfície dentinária era descalcificada, em virtude da remoção da dentina pericanalicular. Os prolongamentos odontoblásticos eram vistos nos canalículos bem próximos a polpa. A localização dos prolongamentos confirmaram seus próprios achados (BRANNSTROM & GARBEROGLIO, 1972).

ROBAZZA & ANTONIAZZI (1976) analisaram o índice de permeabilidade dentinária promovido pelo uso das seguintes soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares: EDTA, água oxigenada a 10 volumes e Tergentol. A permeabilidade dentinária radicular foi evidenciada por uma solução de azul de metileno a 0,5 por cento, durante um período de 24 horas. A quantidade da permeabilidade foi realizada pelas duas formas propostas por MARSHALL et al (1960). Com base nesses experimentos, os autores concluíram que existam diferença estatística na obtenção do índice da permeabilidade dentinária pelas formas propostas e que a zona apical dos canais radiculares é menos permeável ao corante azul de metileno.

TREPAGNIER et al (1977), HAND et al (1978) e ROSENFELD (1978) admitem que a solvência de tecido orgânico promovido pela ação das soluções de hipoclorito de sódio e diretamente proporcional a sua concentração.

MOURA et al (1978) realizaram um estudo sobre a ação do creme ENDO-PTC neutralizado pelo liquido de Dakin, seguido de irrigação final com a associação Tergentol-furacim, na permeabilidade da dentina radicular. Esse estudo foi realizado "in vitro" e "in vivo". A pesquisa " in vivo" foi realizada do seguinte modo os dentes foram preparados endodonticamente, na clínica, com o uso das soluções irrigante citadas. Os canais foram preenchidos com uma solução de azul de metileno a 2 por cento durante 15 minutos e, a seguir, os dentes foram extraídos e, após decorrido o tempo igual ao do grupo " in vitro", ou seja, 24 horas, eles foram lavados e seccionados.

As hemisecções obtidas foram fotografadas em filmes coloridos e, sobre elas, realizou-se o cálculo do índice de permeabilidade, segundo MARSHALL et al. (1960). Os autores chegaram ‘as seguintes conclusões. 1- não havia diferença estatística significante na permeabilidade dentinária ao azul de metileno, quando comparava-se o estudo "in vitro" com o estudo "in vivo"; 2- o estudo "in vitro", apresentou uma maior homogeneidade entre as três regiões (cervical, média e apical), enquanto que no estudo "in vivo" constatou-se diferença estatística entre as regiões cervical, média e apical e, 3- a zona apical foi a menos permeável ao azul de metileno.

PASHLEY & LIVINGSTON (1978) avaliaram o efeito dos tamanhos das moléculas na penetração na dentina. Discos de dentina foram preparadas de acorda com a metodologia apresentada por OUTHWAITE et al (1976). As substâncias testadas foram a água, uréia, fluoreto de sódio, lidocaina, glicose, sucrose, dextran, polivenil pirolidona e albumina. Os autores concluiram que um aumento de 19 vezes no tamanho da molécula (1,9 Angstrosns para a água e 37 Angstrons para a albumina) revelou uma diminuição de 100 vezes no coeficiente de permeabilidade dentinária. Eles também observaram que a aplicação de um ataque ácido sobre a dentina promovia um aumento da permeabilidade a essas soluções. Esse fato reforça a idéia de que a permeabilidade é determinada, em parte, pela natureza da superfície da dentina.

Alguns meses depois, PASHLEY et al (1976 a), com a metodologia do trabalho anterior, analisaram os fatores que influenciam na resistência ao fluxo de liqüidos através da dentina, observando os seguintes aspectos: 1- resistência de superfície devido à presença de debrís que podem ocluir os canaliculos dentinários; 2- resistência intracanalicular devido à mineralização e irregularidades no interior dos canalículos e, 3- resistência pulpar devido à presença dos prolongamentos odontoblásticos e corpos celulares no interior dos canalículos. Com base nos resultados obtidos, os autores observaram que a magnitude de resistência ao fluxo de líquidos através da dentina depende da presença ou ausência do tecido pulpar, da presença ou ausência de debrís na superfície dos canalículos e, também, do grau de oclusão dos canalículos.
A resistência de debrís que ocluem os canalículos dentinários foi responsável por uma alta resistência ao movimento de fluidos, orepresenta cerca de 66 por cento da resistência total.

Continuando as investigações sobre os fatores que interferem na permeabilidade da dentina humana, PASHLEY et al (1978 b)
concentraram seus esforços para analisar o efeito do grau de oclusão dos canalículos dentinários.. Eles utilizaram, para essa investigação, os radioisótopos Tritium (H3O) e a albumina marcada com e calcularam a difusão dessas substâncias através de um disco de dentina, com e sem aplicação de ataque ácido (ácido cítrico 50 por cento por dois minutos). Eles concluíram que a obstrução dos canalículos dentinários por uma camada de pó de dentina smear layer), resultante do corte desse tecido com broca, diminui o fluxo das soluções radioativas através da dentina. A aplicação de ácido cítrico desobstruiu os canalículos, favorecendo a penetração das soluções testadas através da dentina. Esses achados confirmam o trabalho anterior.

Ainda em relação aos canalículos dentinários, WHITTAKER & KNEALE (1979), também pelo exame com microscópio eletrônico de varredura, interessaram-se pelo número de canalículos dentinários em função da área examinada, ou seja, da coroa ao ápice do dente. As fotomicrografias revelaram que o número de canalículos dentinários é maior na região coronária, e a projeção ao longo dos canais radiculares evidenciou que dessa área, em direção ao ápice, o número de canalículos vai diminuindo, principalmente na área apical.

BOYER & SVARE (1981) investigaram o efeito produzido por instrumentos rotatórios sobre a permeabilidade da dentina. Eles cortaram a dentina com brocas de carbide e de diamante e verificaram que esse tecido sofria redução em sua permeabilidade, independentemente do tipo de brocas utilizadas. Essa diminuição da permeabilidade dentinária era devido à obliteração dos canalículos dentinários por pó de dentina.

FROIS et al (1981) propuseram um novo método de avaliação da permeabilidade dentinária que analisa volumetricamente a penetração do azul de metileno na dentina do canal radicular. Nesse estudo, foram realizados cortes transversais de milímetro em milímetro em toda a extensão do canal radicular, a fim de se obter cones truncados que permitissem estabelecer a porcentagem de volume da dentina corada. Os autores concluíram que esse método proporcionava dados mais confiáveis que os métodos de MARSHALL et al (1960).

PASHLEY et al. (1981) estudaram o efeito da remoção da camada de smear sobre a permeabilidade dentinária. Essa camada foi removida com ataque de ácido cítrico a 6 por cento por tempos que variavam de 5 a 60 segundos. Com base nos resultados obtidos, os autores concluíram que a aplicação de ácido cítrico por cinco segundos removia muito dessa camada, mas a permeabilidade dentinária aumentava, ao máximo após a aplicação desse ácido por 15 segundos. Os dados dessa pesquisa comprovaram os achados de BOYER & SVARE (1981).

Novamente, ROBAZZA et al. (1981) investigaram, "in vitro", as possíveis variações da permeabilidade da dentina radicular em dentes humanos extraídos, frente às diversas soluções auxiliares usadas na instrumentação do canal radicular. O corante azul de metileno foi utilizado para revelar a permeabilidade dentinária, e sua quantificação foi obtida pelo método de MARSHALL et al Esses autores concluíram que a zona apicai do canal radicular era menos permeável ao corante.

CURY et al. (1981) estudaram a ação desmineralizadora do EDTA diferentes pH. Nesse estudo, usaram uma solução de EDTA a 0,3 preparada para diferentes pH (5,0 - 6,0 - 7,0 - 6,0 e 9,0). Essas soluções atuaram em dentina pulverizada, da qual a seguir se analisou a quantidade de fósforo liberado. Como conclusão, verificaram que a ação desmineralizadora do EDTA é influenciada pelo pH da solução. O maior efeito desmineralizador foi observado entre o pH 5 e 6.

MOORER & WESSELINK (1982), estudando os fatores que influenciam a capacidade da solução de hipoclorito de sódio em dissolver tecido orgânico, constataram que o principio ativo dessa solução depende das moléculas de ácido hipocloroso presentes (HOCL). Esse ácido consumido na sua interação com a matéria orgânica. Com base nas observações realizadas, os autores concluíram que o poder da solução de hipoclorito de sódio em dissolver tecido orgânico era fortemente dependente dos seguintes fatores: 1- quantidade de matéria orgânica e hipoclorito presentes; 2- freqüência e intensidade do fluxo de hipoclorito de sódio pelo tecido e, 3 superfície de contato entre o tecido e a solução de hipoclorito.

PASHLEY et al (1982) investigaram, "in vitro’ a influência do plasma, dos constituintes salivares e das bactérias sobre a permeabilidade da dentina. O método utilizado nesse estudo foi o mesmo empregados nos trabalhos anteriores desses autores. Pelos resultados obtidos, ficou claro que o plasma, os constituintes salivares e as bactérias são capazes de promover uma efetiva redução na permeabilidade da dentina. Os autores chamam a atenção para o fato de que esses resultados podem explicar o mecanismo espontâneo, observados pelos clínicos, de diminuição da sensibilidade da dentina após as terapias periodontais.

CRABB (1982) investigou, por meio de microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de varias soluções irrigantes em promover a limpeza dos canais radiculares, quando da instrumentação de canais com unidade ultra-sônica. Eles observaram que a solução hipoclorito de sódio a 5,25 por cento foi mais efetiva na remoção de debrís dos canais radiculares do que a solução de Salvizol a 0,5 por cento e o EDTA a 15,0 por cento.

YAMADA et al. (1983),com auxilio da microscopia eletrônica de varredura, correlacionaram a instrumentação com diferentes volumes de diversas soluções irrigantes, como a solução salina, o hipoclorito de sódio a 5,25 por cento, o EDTA a 17,0 por cento e a 8,5 por cento e o ácido cítrico a 25.0 por cento. Os autores concluíram que o uso de 10 ml de EDTA a 17 por cento associado com 10 ml de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento revelou-se mais eficaz na remoção da camada de sacar apresentando inclusive gran de eficiência na remoção de debris superficiais.

BRANCINI et al. (1983) analisaram o poder de limpeza de algumas soluções irrigantes com o auxilio da microscopia eletrônica de varredura. Eles utilizaram para essa investigação 26 caninos humanos extraídos. Os canais foram instrumentados e irrigados com as seguintes soluções: EDTA, ácido cítrico a 1,0 por cento, Tergentol, Dehyquart A e líquido de Dakin.
Após esses procedimentos, os dentes foram seccionados longitudinalmente e preparados para análise com microscópio de varredura. Os autores concluíram que a eficiência de limpeza das soluções irrigantes obedecem a seguinte ordem decrescente: EDTA, ácido cítrico, Dehyquart A, Tergentol e liqüido de Dakin. Não foi constatada diferença estatística no poder de limpeza das soluções irrigadoras nos terços cervical, médio e apical.

Na tentativa de elucidar a permeabilidade da dentina radicular dos malares primários humanos, BENGSTSON et al. (1963) realizaram uma investigação "in vitro", onde testaram os efeitos dos medicamentos Tricresoi- Formaiina, ENDO-PTC neutralizado com liqüido de Dakin e água destilada. A detecão da permeabilidade foi realizada por meio do corante azul de metileno e a quantificação foi realizada pelo método de MARSHALL et ai (1960). Esses autores concluíram que o ENDO-PTC promoveu aumento na permeabilidade dentinária radicular nos dentes testados.
Como a via de penetração de líquidos através da dentina é pelos canalículos dentinários, fica marcante o interesse em se conhecer a quantidade de canalículos por unidade de área, bem como a sua distribuição ao longo do dente e, ainda, se o envelhecimento em determina mudanças na estrutura da dentina. Assim, CARRIGAN et al. 1984) realizaram um estudo, com auxilio do microscópio eletrônico de varredura, em dentes humanos permanentes extraídos de pacientes nas seguintes faixas etárias: 20 a 34, 35 a 44, 45 a 54, 55 a 79 e acima de 60 anos. Após analisarem a dentina da cavidade pulpar, eles concluíram que o número de canalículos da região cervical e média da raiz do dente é praticamente a mesma e diminui, acentuadamente, na região apical. Esses números diminuem, também, com o aumento da idade. Esses achados comprovaram os de WHITAKER & KNEALE (1979).

PAIVA & ANTONIAZZI (1984) afirmaram que, para a utilização do EDTA, deve-se ter em conta que não pode existir na cavidade do dente qualquer traço de substância química que possua pH diferente do neutro, já que alteraria a capacidade de quelação desejada". Afirmaram ainda que o EDTA deve ser neutralizado com solução de Dakin ou de Milton, fazendo uma irrigação lenta, despendendo cerca de 5 ml da solução.

PASHLEY (1984), após a publicação de uma série de trabalhos sobre a permeabilidade dentinária fez uma extensiva revisão do assunto e afirmou que a maior via de acesso para a difusão de soluções através da dentina é pelos canalículos dentinários, e ressalta que a dentina sem canalículos é mais impermeável, A penetração na dentina é proporcional ao produto dos números de canalículos pela sua área e esse produto varia à medida que se a proxima da polpa. Desse modo é de se esperar que a permeabilidade dentinária seja diretamente proporcional à proximidade da polpa. O autor cita, também, os fatores físicos importantes que interferem na permeabilidade dentinária, tais como: superfície de área difusional (produto do número de canalículos pela área de sua luz), espessura da dentina, temperatura da dentina e espécie do agente que se difunde através desse tecido. Os canalículos dentinários no seu estado normal são túneis longos e fechados em sua parte periférica pelo esmalte ou cemento. Eles são cheios de um fluido de composição similar aos fluidos extra celulares. Esse autor observou que a dentina ao ser cortada, tanto por instrumentos manuais como rotatórios, produz considerável quantidade de magma dentinário. Esse magma é composto de muitas partículas pequenas de matriz de colágeno mineralizada que se espraia sobre a superfície de dentina. A presença ou ausência do magma dentinário tem grande interesse para os endodontistas, uma vez que essa camada pode conter microrganismos, que podem permanecer no interior do canal radicular e constituir um reservatório de agente irritante.
O autor enfatizou que a presença da camada de magma dentinário influem sobremaneira na permeabilidade da dentina, pois oblitera os canalículos dentinários, reduzindo assim, a área de difusão.

MADER et al. (1984) investigaram, por meio de microscópio eletrônico de varredura, as características morfológicas do magma
dentinário nas paredes dos canais radiculares instrumentados com lima tipo K e irrigados com solução de hipoclorito de sódio a 5,25%. Eles observaram que o magma dentinário estava localizado sobre a parede da dentina e, ainda, impactado no interior dos canalículos dentinários. O magma situado sobre a parede de dentina, normalmente, apresenta-se como uma camada bem fina, de 1 a 2 micrômetros de espessura. O magma impactado no interior dos canalículos dentinários apresenta espessura que pode variar de poucas até 40 micrômetros. A superfície da camada de magma dentinário apresenta-se com aspecto amorfo, irregular e granular, composta por partículas de dentina mineralizada.

BYSTRON & SUNDQIVIST (1985) verificaram a ação antimicrobiana da solução de hipoclorito de sódio e EDTA em 60 casos de tratamento endodôntico em dentes infectados. Observaram que não havia diferença entre a ação antimicrobiana das soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 0,5 e 5 por cento. O uso combinado de uma solução de EDTA e hipoclorito de sódio a 5 por cento apresentava-se mais eficaz do que quando se usava somente a solução de hipoclorito de sódio.

PECORA (1985) estudou a permeabilidade da dentina radicular em caninos humanos, após a instrumentação manual dos canais radiculares com o uso de diversas soluções irrigantes, tais como o liquido de Dakin, a solução de Milton, a soda clorada, a soda clorada alternada com água oxigenada, o EDTA, o RC-Prep mais soda clorada, o Tergentol-Furacin, o ENDO-PTC neutralizado com liquido de Dakin e água como controle. A permeabilidade da dentina radicular foi estudada por meio de cortes transversais dos dentes, com adoção de um método histoquimico. A quantificação dos níveis de permeabilidade foi realizada pela análise morfométrica. Com base nos resultados, concluiu-se que as soluções halogenadas e a de EDTA foram as que mais aumentaram a permeabilidade da dentina radicular.

FELLER et al. (1986) avaliaram a alteração da permeabilidade dentinária radicular em dentes naturais extraídos, após terem sido submetidos ao preparo manual do canal e preparo com o emprego do ultra-som. A detecção da permeabilidade foi realizada por meio de corante azul de metileno e pelo método de FROIS et al (1981). As variações obtidas foram de pouca monta, sendo que ao nível do terço cervical, a permeabilidade foi significadamente maior nos preparos realizados com ultra-som. Ao nível de terço apical, essa diferença foi apenas aritmética.

SOARES et al. (1986) realizaram "in vivo" avaliação do EDTA como solução irrigante de canais radiculares em dentes humanos com mortificação pulpar e comprovadamente contaminados. Cinqüenta dentes unirradiculares foram instrumentados e irrigados exclusivamente com uma solução de EDTA a 15%. Os controles microbiológicos foram realizados imediatamente depois da preparação cirúrgica, e apresentaram 60% de culturas negativas. A permanência de EDTA como medicação temporária, durante 24 horas promoveu 96% de culturas negativas. Nenhum caso apresentou dor pós-operatória. Eles recomendaram o EDTA como solução irrigante de canais radiculares. ROBAZZA et al. (1987) analisaram a permeabilidade dentinária apical, na seqüência da instrumentação, quando utilizadas as técnicas de STEWART et al. (1969) e PAIVA & ANTONIAZZI (1973). O índice de permeabilidade dentinária foi determinado segundo o método dos quadrados um conformidade ao trabalho de MARSHALL et al. (1960), e o indicador utilizado foi o azul de metileno a 0,5 por cento e pH 7,2. Entre várias conclusões, os autores verificaram que a permeabilidade dentinária apical aumenta diretamente proporcional a quantidade de instrumentos utilizados, independentemente das substâncias químicas empregadas.

NUNEZ et al. (1987) investigaram a presença de restou inorgânicos e orgânicos no interior do canal radicular de 30 dentes extraídos, depois de serem submetidos a instrumentação ultra-sônica e de serem irrigados com três soluções distintas: soluções fisiológica, irrigação alternada com hipoclorito de sódio a 5 por cento e água oxigenada a 3 por cento, e com EDTAC. Os autores concluíram que a irrigação ultra-sônica com o hipoclorito de sódio alternado com água oxigenada e o EDTAC foram efetivos na remoção de restos orgânicos e inorgânicos do interior do canal radicular.

PASHLEY et al. (1987) investigaram a variabilidade regional na permeabilidade da dentina humana com a metodologia baseada em discos uniformes obtidas de dentes molares inclusos extraídos.

Essa pesquisa possibilitou aos autores afirmarem que a permeabilidade da dentina coronária não é uniforme, pois a penetração de fluidos ocorreu com maior intensidade na periferia do que no centro do disco. A região dos cornos pulpares apresentou-se mais permeável que a dentina situada entre eles.

PECORA et al (1987) estudaram, por meio da titulometria, a perda do teor de cloro da solução de Dakin quando estocada em vidro âmbar, mantida à temperatura ambiente, exposta à luz solar e na geladeira (9 graus centígrados). Eles verificaram que a solução de Dakin quando exposta à luz solar perdeu 79,11 por cento do teor de cloro ativo em 122 dias, à temperatura ambiente a perda foi de 62,69 por cento e quando armazenada na geladeira, ou seja, baixa temperatura, a perda foi somente de 22,39 por cento no mesmo período. Os autores chamam atenção dos clínicos para observar as condições de armazenagem da solução de Dakin, para obter o máximo efeito que esse produto possa oferecer.

ZUOLO et al. (1987) estudaram o efeito do EDTA e suas associações com tensoativos aniônicos e catiônicos na permeabilidade da dentina radicular de incisivos superiores humanos extraídos. Eles utilizaram o método histoquimico utilizado por PECORA (1985) para detectar a permeabilidade dentinária radicular. A associação mais efetiva em promover aumento da permeabilidade foi a do EDTA com o tensoativo catiônico Cetavion (EDTAC).

BAUMGARTNER & MADER (1987) verificaram, por meio da microscopia eletrônica de varredura, a capacidade de quatro soluções irrigantes em promover a limpeza de canais radiculares. Eles constataram que a camada de secar estavam presentes nas superfícies de canais radiculares irrigados com solução salina e com hipoclorito de sódio. O EDTA apresentou-se eficaz na remoção da camada de smear e em expor os orifícios de canalículos dentinários. O hipoclorito de sódio removeu polpa remanescente e pré-dentina das superfícies de canais radiculares que não foram instrumentados enquanto que o EDTA e a soiução salina deixava polpa remanescente e pré-dentina. Eles concluíram que a combinação de hipoclorito de sódio e EDTA usados alternadamente removia completamente a camada de secar de canais radiculares durante a instrumentação e, a polpa e pré-dentina da superfícies de canais radiculares não instrumentados.

SILVA (1988) verificou "in vitro" a influência da instrumentação ultra-sônica quando comparada com a instrumentação manual na permeabilidade dentinária radicular, trabalhando em pré-molares superiores com raízes fusionadas. Para detectar a permeabilidade, utilizou o método histoquimico apresentado por PECORA (1985). A análise dos valores obtidas mostrou melhores resultados de permeabilidade dentinária nas raizes vestibulares, que foram instrumentadas com ajuda do ultra-som, evidenciando a superioridade desse recurso físico para se conseguir maior permeabilidade.

GUIMARÃES et al (1988) realizaram pesquisa sobre a tensão superficial de várias soluções auxiliares na instrumentação dos canais radiculares, pelo método de ascensão capilar. Das substâncias analisadas, o lauril sulfato de sódio a 0,1 por cento apresentou a mais baixa tensão superficial, e a adição de tensoativos ao EDTA reduziu sensivelmente sua tensão superficial. A solução de EDTA proposta por OSTDY (1957) apresenta tensão superficial de 69,25 dinas/centímetro e a adição de 0,1 por cento de Cetavlon, fez com que essa tensão superficial caísse para 33,92 dinas/centímetro.

MOURA et al (1988) avaliaram "in vitro" a permeabilidade dentinária radicular em dentes irrigados com hipoclorito de sódio a 1 por cento, associado ao creme de ENDO-PTC, durante a instrumentação, e lavagem final com solução de Tergentol-Furacin, seguida ou não do emprego final de EDTAC. Os autores constataram que não houve diferença estatística significante em relação a permeabilidade dentinária frente ao uso ou não do EDTAC.

PEREZ et al (1989) analisaram o processo dinâmico da desmineralização da dentina por meio do EDTA. Eles observaram que o pH da solução de EDTA no interior da cavidade pulpar diminui à medida que ocorre a desmineralização. O aumento na concentração do EDTA de 0,1 mol/l para 0,5 caiu causa uma maior acumulação ácida e uma maior taxa de desmineralização. A eficiência da solução de EDTA diminui com o aumento do tempo de contato com a dentina, provavelmente pela liberação ácida do EDTAHNa (que é a forma predominante no pH neutro). Nenhum EDTA estudado reage após poucas horas é a tão chamada autolimitação do EDTA pode ser devido à acidificação da solução de EDTA.

CIUCCHI et al. (1989) compararam a eficiência de diferentes procedimentos de irrigação na remoção da camada de secar por meio da microscopia eletrônica de varredura. Foram utilizados nos experimentos 40 canais curvos preparados manualmente "in vitro" e irrigados copiosamente com hipoclorito de sódio a 3 por cento. Dez canais foram usados como controle. Os 30 restantes foram distribuídos em três grupos que foram subseqüentemente irrigados do seguinte modo: ultra-som com hipoclorito de sódio, EDTA, e ultra-som com EDTA. Os autores observaram que a irrigação com hipoclorito de sódio deixa camada de sacar nas paredes dos canais radiculares. O uso do aparelho de ultra-som com hipoclorito de sódio remove moderadamente essa camada enquanto que a irrigação com EDTA produz, quase sempre, superfícies livres de sacar. Eles notaram que a associação do uso de EDTA com ultra-sô nico aumentou a capacidade do agente quelante em remover a camada de sacar.

MARCANO (1989) apresentou uma revisão sobre soluções auxiliares de instrumentação de canais radiculares e salientou que as soluções alcalinas atuam dissolvendo matéria orgânica. Ele chamou atenção para o fato do hipoclorito de sódio ser a solução irrigante mais empregada pois tem um pH alcalino que neutraliza a acidez do meio; apresenta baixa tensão superficial, o que facilita seu acesso nas irregularidades dos canais radiculares; saponifica os ácidos graxos; penetra com facilidade nos canalículos dentinários dissolvendo as fibras de Thomes; dissolve matéria orgânica; necrolitico, ou seja, dissolve tecidos necrosados; neutraliza os produtos tóxicos do canal radicular; não é irritante quando bem empregado e é econômico.

GENGIZ et al. (1990) investigaram "in vitro" por meio de microscopia eletrônica de varredura, a capacidade da remoção da camada de smear proporcionada pelas seguintes soluções: salina, EDTA a 15 por cento e do EDTA a 15 por cento seguido de irrigação com uma solução de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento. Eles utilizaram 20 mililitros de cada solução irrigante, sendo que para a irrigação com EDTA, seguida de hipoclorito de sódio, utilizaram 10 mililitros de cada solução com o objetivo de manter a mesma quantidade de liqüido irrigante. Essa investigação possibilitou as seguintes conclusões: a) a camada de secar é formada durante a instrumentação dos canais radiculares; b) a irrigação do canal radicular com a solução de EDTA seguida da irrigação com a solução de hipoclorito de sódio possibilitou a obtenção de canais radiculares com menos sacar do que quando irrigado somente com EDTA.

PECORA (1990) estudou a permeabilidade do assoalho da câmara pulpar de colares inferiores humanos com raízes separadas, após a instrumentação dos canais radiculares pelas técnicas manual e ultra-sônica, utilizando-se a água destilada e o liqüido de Dakin como soluções irrigantes. Para evidenciar a permeabilidade dentinária utilizou o mesmo método usado em 1985. O autor não observou diferença estatística na permeabilidade da dentina do assoalho da câmara pulpar, com o uso dessas duas soluções irrigantes e dessas duas técnicas de instrumentação. O exame histológico por desgaste, evidenciou que o assoalho da câmara pulpar dos molares inferiores estudados apresentava dentina reparadora, a qual é mais amorfa, menos canalicular e menos regular que a dentina primaria.

GETTLEMAN et al. (1991) pesquisaram a influência da camada de smear sobre a adesivo dos cimentos obturadores na dentina. Eles estudaram 120 amostras e os dentes foram cortados longitudinalmente, uma metade foi deixada com camada de smear, enquanto que na outra metade a camada de smear foi removido com solução de EDTA a 17 por cento por três minutos, seguido de solução de hipoclorito de sódio a 5,25 por cento. Após isso eles colocaram os cimentos AH 26, Sultan e Sealapex sobre as superfícies com e sem camada de smear. Com o uso de máquina Instron eles verificaram que o cimento AH26 apresentou maior adesão quando a camada de smear havia sido removido e o cimento Sealapex apresentou menor adesão. Quando a camada de sacar estava presente, a adesão dos cimentos
apresentaram-se baixas.

SAQUY (1991) investigou, por meio de dois métodos químicos e um físico, o efeito quelante de uma solução de EDTA, associado ou não com o liqüido de Dakin. O primeiro método químico constatou a quelação de ions metálicos pelo EDTA; o segundo, determinou a concentração de cálcio complexado pelo EDTA, através de espectrofotometria de chama. O método físico utilizado foi o de avaliar a microdureza da dentina após a aplicação das soluções estudadas. Os resultados obtidas possibilitaram o autor concluir que tanto a solução de EDTA, como a associação dessa solução com o liqüido de Dakin são capazes de quelar ions cálcio e diminuir a microdureza da dentina. Esse trabalho deixa claro que a ação quelante do EDTA não é inativada pela sua associação com o hipoclorito de sódio.

CRUZ-FILHO (1992) estudou a ação do EDTAC "in vitro" sobre a microdureza da dentina radicular, em diferentes tempos de
aplicação. Observou que a dureza da dentina submetida a ação do EDTAC é inversamente proporcional ao tempo de contato do tecido dentinário com o agente quelante. Após a ação do EDTAC, a faixa de dentina próxima ao órgão pulpar apresenta menor dureza que a dentina periférica, nos tempos estudados. O terço cervical da dentina radicular após contato com o EDTAC, apresenta maior dureza que o médio e este, maior dureza que o terço apical, em todos os tempos estudados.

PECORA et al (1992) estudaram a tendo superficial de várias drogas usadas em Endodontia, pelo método de ascensão capilar, e observaram que a solução de Dakin apresenta tensão superficial de 71,34 dinas/cm, ou seja, próxima a da água destilada (72,73 dinas/cm). Os achados desses autores evidenciam a alta tensão superficial do liquido de Dakin

As pesquisas citadas neste capítulo foram desenvolvidas com objetivos variados, grande parte deles com interesse maior centrado no problema das permeabilidade da dentina, na influência das soluções irrigantes sobre o grau de permeabilidade da dentina radicular, nos métodos para a identificação o quantificação da permeabilidade dentinária, nos fatores que determinam maior ou menor penetração de fluidos por esse tecido e nos efeitos da instrumentação sobre a permeabilidade dentinária



Materiais e métodos

Na Tabela I, estão identificadas as soluções auxiliares empregadas na instrumentação dos canais radiculares, utilizadas neste trabalho.

Tabela I. Soluções auxiliares utilizadas durante a instrumentação dos canais radiculares

Soluções
Autores
Hipoclorito de sódio a 0,5 %
DAKIN (1915)*
EDTA a 15% *
OSTBY (1957)
EDTA + Dakin  
EDTA alternado com Dakin  
Água destilada deionizada  
* Soluções preparadas no Laboratório de Pesquisa em Endodontia, do Departamento de Odontologia Restauradora, FORP-USP

Nos experimentos, foram utilizados 50 incisivos centrais superiores humanos extraídos. Logo após a extração do dente, extração essa indicada por razões diferentes, os dentes eram colocados em recipientes de vidro, em solução aquosa de timol a 0,1 por cento, e armazenados em geladeira, à temperatura de 4 graus centígrados, até o momento do uso. Esses dentes foram distribuídos aleatoriamente em 5 grupos de 10 dentes.

Como disciplina de trabalho ao longo de cada dia, dez dentes eram instrumentados, com auxílio de uma das soluções listadas na Tabela I.

Preparo da solução de EDTA

Para preparar a solução de EDTA, procedeu-se de acordo com as instruções de 0STBY (1957):

Dezessete gramas de EDTA, sal dissódico (REAGEN), foram pesados e colocados em um béquer com capacidade para 250 ml. adicionando-se água destilada deionizada, até completar 100 ml. A solução, de aspecto leitoso, era agitada, medindo-se o seu pH, que era de 3,5. Ainda sob agitação constante, adicionava-se, pouco a pouco, com auxílio de uma pipeta graduada, uma solução 5N de hidróxido de sódio. Esta solução de hidróxido de sódio era adicionada até que a solução de EDTA se tornasse totalmente solúvel em água, o que ocorria quando o pH se tornava próximo de 7,3. A seguir, a solução de EDTA, agora límpida e transparente, era filtrada em papel de filtro e armazenada em frasco plástico dotado de batoque e tampa. Não foi adicionada à solução de EDTA nenhuma substância conservante, pois o produto era produzido em quantidade apenas suficiente para ser usada durante o experimento, e não para ser estocado por longo período.
 
 

Preparo da solução de Dakin

A solução de Dakin era preparada de acordo com a proposta do autor (1915). Para isso, 10 gramas de hipoclorito de cálcio com 65 por cento de cloro ativo eram pesados e colocados em gral de porcelana, acrescentando-se pequena quantidade de água destilada. Com auxílio de um pistilo, triturava-se o hipoclorito de cálcio, que é granulado, até obter-se uma pasta cremosa. Em seguida, colocava-se essa pasta em um béquer com capacidade para 1000 ml, e se adicionava mais água destilada, até completar 500 ml. A solução de hipoclorito de cálcio era então agitada de tempos em tempos e, a seguir, deixada em repouso até que se completassem 12 horas da mistura do hipoclorito de cálcio com a água destilada.

Como o hipoclorito de cálcio é pouco solúvel em água, esse tempo de espera faz-se necessário para assegurar maior dissolução desse componente. Decorrido esse tempo, em outro béquer de 1000 ml, adicionavam-se 7 gramas de carbonato de sódio anidro, completando-se com água destilada até atingir o volume de 500 mililitros. Essa solução era agitada, até completa dissolução.

O béquer que continha a solução de hipoclorito de cálcio, até então mantida em repouso, apresentava um precipitado e um sobrenadante. Sifonava-se cuidadosamente o sobrenadante, desprezando-se o precipitado. A esse sobrenadante era adicionada a solução de carbonato de sódio. Ao entrarem em contato a solução de hipoclorito de cálcio e a solução de carbonato de sódio, forma-se uma solução de aspecto leitoso que, após agitada e deixada a repousar, separa-se em duas fases: um precipitado branco de carbonato de cálcio e um sobrenadante incolor, de hipoclorito de sódio. Esse sobrenadante era sifonado e filtrado em algodão. A solução de hipoclorito de sódio obtida apresentava um pH 11,5. Pesavam-se então 4 gramas de ácido bórico (REAGEN), que eram adicionados lentamente à solução de hipoclorito de sódio, sob agitação constante, até o pH da solução chegar a 9.

Após isso, a solução de Dakin era filtrada em algodão e titulada por iodometria, evidenciando então que a sua concentração era de 0,50 por cento de cloro ativo. A seguir, a solução era armazenada em frasco de vidro âmbar, dotado de batoque e tampa, e conservado em geladeira, conforme preconizado por PÉCORA et al (1987).
 
 

Preparo pré-operatório dos dentes

Cada grupo de dentes era removido do frasco e lavado em água corrente por 24 horas, a fim de se eliminarem eventuais traços da solução de timol e os dentes eram então secos com jato de ar. A seguir, esses dentes tinham as superfícies externas revestidas com duas camadas de cianacrilato (Super-Bonder), de acordo com ROBAZZA (1991).
 
 

Técnica de instrumentação e irrigação

A cirurgia de acesso à câmara pulpar dos dentes era realizada com brocas esféricas número 2, acionadas com motor de alta-rotação e refrigeradas com água. Esta fase obedeceu aos princípios cirúrgicos preconizados por INGLE (1965).

Após obtido o acesso à câmara pulpar, procedia-se à condutometria de cada dente selecionado, pesquisando-se o canal radicular com lima tipo k, fina, até que ela tocasse a região apical, considerando a medida assim obtida como o comprimento real do dente. A seguir, avaliava-se o diâmetro anatômico da região apical.

Definidos o comprimento de trabalho, que neste caso correspondia ao comprimento real do dente, e o instrumento que determinou o diâmetro anatômico da região apical, instrumentava-se o canal radicular com mais duas limas, na numeração subseqüente. Continuando, procedia-se à instrumentação escalonada, com recuo livre, ou seja, com as limas de diâmetros subseqüentes introduzidas no canal radicular até onde parasse, procedendo-se a seguir à instrumentação, desse ponto para fora. O canal radicular era, para todos os casos estudados, escalonado até à lima 80. A última lima utilizada com o comprimento total do dente era mantida como lima de memória e utilizada após cada nova lima, durante o escalonamento.

Padronizou-se o tempo de instrumentação em um minuto para cada instrumento e, durante toda essa fase, irrigava-se o canal radicular com 10,8 ml da solução irrigante estudada, embalada em tubetes de anestésicos, que eram usados em seringa carpule dotada de agulha longa, (6 tubetes).

Para a associação Dakin + EDTA, 6 tubetes foram preenchidos com a mistura dessas soluções, na proporção de 1:1, ou seja, 10 ml da solução de EDTA com 10 ml da solução de Dakin, reunidas em um béquer, sendo a mistura resultante posteriormente embalada em tubetes de anestésico, tudo isso realizado no momento da instrumentação.

Para o uso alternado das soluções de EDTA e de Dakin, foram preparados 3 tubetes com EDTA e 3 com solução de Dakin. Desse modo, a instrumentação foi realizada com o auxílio de 5,4 ml de cada solução irrigante. Nesse caso, a instrumentação era iniciada sempre com a solução de Dakin, seguida da solução de EDTA, após o uso de cada instrumento.

Finda a instrumentação, todos os canais radiculares recebiam uma irrigação final com 10,8 ml de água destilada deionizada, com o objetivo de se removerem eventuais remanescentes das soluções auxiliares utilizadas.

Toda instrumentação dos canais radiculares foi realizada com limas tipo K, da marca MAILLEFER.

Assim, formaram-se cinco grupos de dentes que receberam o mesmo tratamento de instrumentação de canais radiculares e irrigação com as soluções auxiliares listadas na Tabela I. Após o término da instrumentação de cada grupo, os dentes eram secos com um suave jato de ar, e os canais radiculares secos com cones de papel absorvente, a fim de adequá-los para receber os reagentes químicos referentes ao ensaio histoquímico.
 
 

Reação histoquímica para detecção dos níveis de permeabilidade dentinária na raíz dental

O cátion, indicador da profundidade do nível de permeabilidade, era representado pelo íon cobre de uma solução aquosa de sulfato de cobre a 10 por cento; e a presença do íon cobre era detectada e revelada pela complexação do ácido rubeânico de uma solução alcoólica a 1,0 por cento, reagentes estes preconizados por FEIGL (1958). Os reagentes empregados na metodologia, assim como os fabricantes e fórmulas químicas, estão listados na Tabela II.

A técnica de FEIGL (1958), que preconiza esses reagentes para "spot-test", foi modificada , em função da própria natureza histoquímica do experimento.

Tabela II. Reagentes empregados na reação histoquímica.

Reagentes
Fabricante
Fórmula química
Ácido rubeânico
MERCK
C2H4N2S2
Sulfato de cobre
MERCK
CuSO4.5H2O
Hidróxido de amônio
MERCK
NH4OH

Considerando a alteração introduzida por PÉCORA (1985), a técnica empregada obedeceu ao que segue:

- preparação da solução de sulfato de cobre: 10 gramas de sulfato de cobre dissolvidos em 100 mililitros de água destilada deionizada, juntando-se a essa solução 25 mililitros de hidróxido de amônio a 25 por cento.

- preparação da solução alcoólica de ácido rubeânico: 01 grama de ácido rubeânico dissolvido em 100 mililitros de álcool etílico.

Inicialmente, os dez dentes instrumentados que formavam um determinado grupo, eram imersos na solução de sulfato de cobre, sob vácuo durante um minuto. Para isso, o recipiente possuía uma tampa perfurada, destinada a permitir a produção do vácuo destinado a promover a remoção do ar contido no interior do canal radicular. Depois disso, as raízes permaneciam imersas nessa solução por 30 minutos. Em seguida, as raízes eram removidas do continente e sua superfície externa seca com toalha de papel absorvente. A solução era removida também do interior do canal radicular por meio de cones de papel absorvente. Imediatamente após, em outro frasco semelhante ao primeiro, a solução de ácido rubeânico era aplicada à raiz. Tanto o tempo de aplicação do vácuo como o tempo de atuação do revelador sobre as raízes eram iguais aos utilizados com a solução de sulfato de cobre.

A reação do sulfato de cobre com a solução de ácido rubeânico faz surgir uma forte coloração na estrutura da dentina do canal radicular, cuja tonalidade vai de um azul intenso até o negro. A solução de ácido rubeânico para o uso era de preparação recente. A solução que podia ser estocada em grande volume era apenas a de sulfato de cobre. A bomba de vácuo utilizada neste trabalho foi a de marca PFEIFER, de procedencia alemã, que proporcionava, durante o uso, uma pressão negativa de 27 quilogramas por centímetro quadrado.
 
 

Obtenção de cortes das regiões apical, média e cervical

A Figura 1 mostra o equipamento utilizado no seccionamento transversal dos dentes. Os cortes eram obtidos, praticamente, como se faz na técnica de cortes seriados - isto é, obtinham-se cortes consecutivos das regiões apical, média e cervical, realizados de 500 em 500 micrometros. Conseguiram-se assim apenas 4 cortes de cada região, em função da espessura do disco diamantado, o qual é mostrado na figura 1. A espessura de cada secção era fornecida pelo avanço do relógio micrométrico conectado ao equipamento. Uma descrição mais detalhada do equipamento consta na legenda da Figura 1.

Figura 1 Equipamento para obtenção de cortes das raízes: a) disco diamantado para seccionamento da raiz dental; b) relógio micrométrico; c) garras para retenção da peça de acrílico com a raiz no seu interior; d) dispositivo para a refrigeração a água; e) protetor; f) reservatório para a captação e drenagem da água; g) motor para baixa e média rotação.

Para proceder a essa operação, os dentes preparados eram incluídos em resina acrílica de rápida polimerização. Para incluir os dentes e facilitar a sua colocação na máquina de corte, foram confeccionados moldes (Ureol 6409B, Ciba Geigy), que possibilitavam a feitura de blocos de acrílico com superfícies lisas e paralelas, de modo que os dentes pudessem ser colocados na máquina de corte sempre no mesmo sentido e direção (Figura 2).

Após a polimerização da resina acrílica, o bloco, com o dente no seu interior, era colocado na máquina de corte, preso firmemente pelas garras da base conectada à haste do relógio micrométrico. Durante a secção do dente, tanto este como o disco diamantado recebiam um jato de água fria, a fim de prevenir a queima da dentina.

Figura 2. Dispositivo para a inclusão dos dentes em acrílico de rápida polimerização: a) molde; b) modelo vazado com o dente em seu interior.
 
 

Preparação dos cortes para montagem em lâminas

Optou-se pela seleção de dois cortes para cada região, os quais foram alinhados horizontalmente, de forma a permitir que a seleção fosse feita tomando-se como referência o aproveitamento do primeiro e do terceiro corte da região apical, aplicando-se esse critério também na seleção dos cortes referentes às regiões média e cervical, o que correspondia, em última análise, a uma seleção programada. A seleção assim programada classificava automaticamente os cortes em função dos diâmetros dos cortes, evitando uma possível confusão entre cortes de uma região com cortes de outra. A Figura 3A mostra a seqüência dos cortes obtidos de uma das raízes dentais seccionadas e a Figura 3B mostra apenas um corte.

Figura 3A. Seqüência de cortes obtidos de uma raiz dental.

Figura 3B. Imagem de um corte da região média da raiz.

Os cortes obtidos eram submetidos a um processo de lixamento sob água corrente, com lixas de numeração 320, 400 e 500, até que apresentassem uma espessura de aproximadamente 100 micrometros, espessura essa medida com um paquímetro digital (TESA, de procedência suíça).

Isso feito, os cortes eram lavados em água corrente por três horas, a fim de remover eventuais partículas de dentina e do pó abrasivo da lixa (Figura 4).

Figura 4. Dispositivo para lavagem dos cortes em água corrente.

Uma vez lixados e lavados, os cortes eram desidratados em três banhos de álcool absoluto, clarificados em três banhos de xilol, cada banho com uma hora de duração. A seguir, esses cortes diafanizados eram montados em lâminas de vidro para microscopia, com Entellan (MERCK). Após o endurecimento do Entellan, os cortes eram examinados microscopicamente, a fim de se observar, em ampliações variáveis, se mostravam com nitidez a transparência das áreas coradas e não-coradas.

Cada lâmina era identificada em função da solução irrigante utilizada. Os cortes eram então armazenados, ao abrigo do ambiente, em caixas providas de tampa, para posterior avaliação quantitativa dos níveis de permeabilidade da dentina radicular.
 
 

Análise Morfométrica

Uma das oculares (6x) do fotomicroscópio foi substituída por outra dotada de uma grade de integração com 400 pontos. Para o exame, foi selecionada uma objetiva de ampliação 2X que, combinada com a ocular 6X, proporcionava uma ampliação final de 12X, o que permitia uma visão panorâmica de todo o corte examinado. Para facilitar a contagem dos pontos dentro das áreas coradas e não-coradas, inclusive dos que caíam no espaço vazio correspondente ao canal radicular, foi montado um conjunto de dois contadores digitais.

Assim, contaram-se os pontos que incidiam na área do canal radicular, os da área corada, e os da área de dentina não corada. Esses dados estão reunidos no Apêndice.

Pelos números de pontos incidentes em cada área, calculava-se a porcentagem de penetração dos íons de cobre na dentina radicular, referente a cada uma das soluções irrigantes utilizadas.

Para calcular a porcentagem de penetração dos íons cobre na dentina radicular, deduziu-se a seguinte equação matemática:
 
 

Figura 5- Corte transversal. esquemático de uma raiz dental.

 

Na Figura 5, observam-se três círculos concêntricos, C, M, D. O círculo central C representa o canal radicular, a área M representa a área ocupada pela mancha colorida, e a área D, mais externa, representa a área de dentina não colorida. Considerando os raios Rc, Rm e Rt, as áreas dos três círculos concêntricos podem ser indicadas assim:

(1)

(2)

(3)

 Isolando-se nessas equações os raios, tem-se:

(4)

(5)

(6)

 Pelo exame da Figura 5, verifica-se que o valor ED, referente à espessura da dentina, é dado pela diferença entre os raios dos círculos maior (raiz) e menor (canal):

(7)

 Substituindo-se os raios Rt e Rc pelos seus valores correspondentes (6) e (4), obtém-se:

(8)

 Que é equivalente a:

(9)

 Por sua vez, a mesma Figura 5 fornece o valor da penetração (p) do corante na dentina:

(10)

 Substituindo-se os valores de Rm e Rc pelos seus equivalentes (5) e (4), chega-se à:

(11)

 que por sua vez equivale à:

(12)

 O coeficiente de penetração (Cp) será dado pela relação entre a profundidade de penetração do corante na dentina (p) e a espessura desta (Ed):

(13)

 Substituindo-se agora (p) e (Ed) pelas suas expressões algébricas correspondentes, tem-se:

(14)

 Que é idêntica à:

(15)

 Efetuando-se a simplificação da expressão obtém-se:

(16)

 Em termos de porcentagem de penetração do corante na dentina, pode-se expressar esse mesmo coeficiente de penetração como (p(d)), da seguinte forma:

(17)

 Como corresponde à área exclusiva da dentina corada (M), pode ser representada pelo número de pontos que incidem sobre essa área (Pm), assim como o número de pontos contados nas áreas C (canal) e T (total) é proporcional às próprias áreas ou PC e PT.

(18)

 Como o número de pontos contados em cada uma das áreas (C, M e D) é proporcional às próprias áreas, a expressão (17) acima pode ser também indicada como uma função do número de pontos incidentes em cada área, ou seja, pela expressão (18).
 


Resultados

Os dados experimentais deste trabalho consistiram em 150 valores numéricos, correspondentes aos porcentuais médios da penetração de íons cobre na dentina radicular. Esses valores provieram do produto fatorial de 5 soluções irrigantes X 3 terços da raiz X 10 dentes (repetições): 5 x 3 x 10 = 150 (Tabela III).

Tabela III. Porcentagens de penetração de íons cobre na dentina radicular. Valores originais

Soluções
Terços
 
Cervical
Médio
Apical
  7,77 8,85 5,47 7,28 3,99 3,40
  8,56 5,44 5,92 3,86 3,35 0,96
Água 6,96 7,95 7,03 7,41 2,62 0,91
  6,60 9,40 4,57 9,15 0,85 0,96
  8,93 5,58 8,08 5,35 1,75 0,00
       
  9,63 11,57 10,60 7,89 6,69 6,97
  12,23 12,70 11,02 14,50 8,57 12,54
Dakin 11,51 10,11 13,97 8,96 12,01 5,44
  6,43 9,29 6,74 8,14 3,46 6,91
  9,51 11,31 10,60 9,71 10,13 9,16
       
  13,11 12,30 11,07 11,03 7,91 7,23
  7,62 8,81 7,25 5,71 8,42 4,90
EDTA 8,55 11,86 8,55 12,52 4,58 9,47
  13,74 14,12 12,09 13,05 8,79 4,29
  12,37 12,67 12,90 13,84 8,85 4,80
       
  20,56 12,14 21,28 13,57 24,39 17,90
Dakin 16,24 10,20 14,70 12,43 9,86 20,52
alternado 12,04 11,47 12,91 8,68 15,29 6,83
EDTA 10,76 10,73 11,57 11,62 12,45 7,05
  11,53 11,74 10,64 13,18 9,72 9,79
       
  14,95 13,71 15,59 19,25 19,78 17,81
Dakin 13,98 15,46 14,35 19,96 15,29 19,16
+ 9,24 11,95 9,90 11,40 11,09 6,69
EDTA 11,75 12,24 12,06 13,27 1,36 13,75
  16,46 13,24 16,63 7,97 16,52 12,14

Testes preliminares foram realizados, utilizando os dados originais da Tabela III e um "software" estatístico elaborado pelo insigne Professor Doutor Geraldo Maia Campos,do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (GMC Software,versão 6.0), com a finalidade de verificar a normalidade e a homoscedasticidade da distribuição amostral, a fim de decidir sobre que tipo de estatística deveria ser empregada, paramétrica ou não-paramétrica.

Esses testes iniciais compreendiam seis etapas, nas quais se calculavam os parâmetros amostrais, fazia-se a distribuição das freqüências acumuladas das curvas experimental e normal matemática, além de traçar o histograma de freqüências em intervalos de classe medidos pelo desvio padrão da amostra, realizar a projeção aritmético-normal das freqüências acumuladas em gráfico, e verificar a homoscedasticidade amostral pelo teste de Cochran.

Os resultados desses testes serão expostos a seguir:
 

1. Parâmetros amostrais

Pela Tabela IV, observa-se que houve uma quantidade considerável de valores situados no intervalo de classe a que pertence a média amostral, e uma quase-simetria da distribuição dos dados em torno da média (44 dados abaixo contra 43 acima da média). Esses parâmetros falam em favor de uma distribuição normal.

Tabela IV. Parâmetros amostrais dos dados originais

Parâmetros
Valores
Soma dos dados amostrais 0,0000 
Soma dos quadrados dos dados 1215,9160 
Termo de correção 0,0000 
Variação total 1215,9160 
Média geral da amostra 0,0000 
Variância da amostra 8,1605 
Desvio padrão da amostra 2,8567 
Erro padrão da média 0,2332 
Mediana (por dados agrupados) -0,0227 
Número de dados abaixo da média 44,0000 
Número de dados iguais à média 63,0000 
Número de dados acima da média 43,0000 

2. Distribuição de freqüências

A Tabela V mostra que a distribuição das freqüências absolutas por intervalo de classe apresentam uma tendência central: 01,06,37,63,32,08,03.

O gráfico da Figura 6 foi traçado a partir dos percentuais acumulados de freqüências, que constam na Tabela V.

Esse gráfico registra duas linhas superpostas, uma correspondente à curva normal matemática e a outra à curva experimental.

O grau de concordância, de ajuste, ou de aderência entre essas duas curvas é avaliado pela maneira como ambas se ajustam. A discrepância relativamente pequena entre elas traduz uma boa possibilidade de a distribuição amostral ser normal.

Tabela V. Distribuição de freqüências, absolutas e acumuladas, dos dados experimentais originais.

A. Freqüências por intervalo de classe
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas
1
6
37
63
32
8
3
Freqüências percentuais
0,7
4
24,7
42
21,3
5,3
2
               
B. Freqüências acumuladas
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas
1
7
44
107
139
147
150
Freqüências percentuais
0,7
4,7
29,3
71
72,7
98
100

Figura 6. Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e normal matemática.
 

3. Teste de aderência à curva normal

A Tabela VI apresenta os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüências por intervalos de classe da distribuição normal em relação à mesma distribuição dos dados amostrais. Verifica-se que a probabilidade de a distribuição experimental ser normal é de 93,52 %.

Tabela VI. Teste de aderência da distribuição de freqüências acumuladas dos dados originais à sua correspondente normal matemática

A. Freqüências por intervalo de classe              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Curva normal
0,44
5,40
24,20
39,89
24,20
5,40
0,44
Curva experimental
0,67
4,00
24,67
42,00
21,33
5,33
2,00
               
B. Cálculo do Qui-quadrado    
Interpretação*

A distribuição amostral testada

É Normal

Graus de liberdade 4
Valor do Qui-quadrado 0,82
Probabilidade de HO 93,52%

4. Histograma de freqüências

A Figura 7 mostra o histograma das freqüências dos dados originais. Nessa figura, observa-se a distribuição central dos dados experimentais e uma certa simetria em relação à média, com números mais ou menos equivalentes abaixo e acima dela. Uma distribuição, portanto, que pode ser aceita como normal, para fins estatísticos.

Figura 7. Histograma de freqüências dos dados originais.

5. Projeção aritmético-normal

A Figura 8 mostra a projeção aritmético-normal das freqüências acumuladas, onde se observa que há um certo ajuste entre a linha relativa à distribuição experimental e a que representa a curva normal matemática. Esse dado fala também em favor de uma distribuição normal, para fins estatísticos.

Figura 8. Projeção aritmético-normal dos porcentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e a normal matemática.
 
 

6. Teste de homogeneidade de Cochran

Esse teste compara a maior variância, individualmente considerada, contra a soma de todas as variâncias envolvidas na amostra.

O valor calculado resulta da divisão da variância de maior valor pela soma de todas as variâncias utilizadas no estudo estatístico (DIXON & MASSEY Jr., 1969).

Os valores críticos tabelados para 15 variâncias com 9 graus de liberdade cada uma são 0,1736 e 0,2002, respectivamente para os níveis de 5 e 1 por cento de significância. O teste realizado apresentou um valor calculado de 0,2622, maior portanto do que qualquer dos dois valores tabelados citados, indicando uma não-homogeneidade das variâncias envolvidas na amostra.

Dessa forma, dentre os resultados dos teste preliminares realizados para o estudo da normalidade da distribuição amostral, verifica-se que, a rigor, somente um dos requisitos exigidos não foi preenchido para autorizar o emprego da estatística paramétrica.

O teste de Cochran mostrou uma não-homogeneidade das variâncias testadas. Essa não-homogeneidade das variâncias aconselhava a que se tentasse uma transformação dos dados amostrais originais, visando a melhorar essa característica desfavorável da distribuição amostral.

Assim, com esse objetivo, tentaram-se diversas transformações dos dados amostrais, das quais a raiz quadrada dos dados originais se mostrou a mais conveniente.

Os valores expressos na Tabela VII correspondem à raiz quadrada dos dados originais listados na Tabela III. Esses dados foram utilizados para se aplicarem novamente os testes preliminares para o estudo da normalidade, cujos resultados e comentários são apresentados a seguir.

TABELA VII. Valores das porcentagens de penetração de íons cobre na dentina radicular (Raiz quadrada dos dados).

Soluções  
Terços
 
 
Cervical
Médio
Apical
  2,7875 2,9748 2,3388 2,6981 1,9974 1,8439
  2,9257 2,3323 2,4331 1,9646 1,8303 0,9797
ÁGUA 2,6382 2,8195 2,6514 2,7221 1,6186 0,9539
  2,5690 3,0659 2,1377 3,0248 0,9219 0,9797
  2,9883 2,3622 2,8425 2,3130 1,3228 0,0000
       
  3,1032 3,4014 3,2557 2,8089 2,5865 2,6400
  3,4971 3,5637 3,3196 3,8078 2,9274 3,5412
DAKIN 3,3926 3,1796 3,7376 2,9933 3,4655 2,3323
  2,5357 3,0479 2,5961 2,8531 1,8601 2,6287
  3,0838 3,3630 3,2557 3,1161 3,1827 3,0265
       
  3,6201 3,5071 3,3271 3,3211 2,8124 2,6888
  2,7604 2,9681 2,6925 2,3895 2,9017 2,2136
EDTA 2,9240 3,4438 2,9240 3,5383 2,1401 3,0773
  3,7067 3,7576 3,4771 3,6124 2,9648 2,0712
  3,5171 3,5594 3,5916 3,7202 2,9749 2,1909
       
  4,5343 3,4843 4,6130 3,6837 4,9386 4,2308
DAKIN 4,0298 3,1987 3,8341 3,5256 3,1401 4,5299
alternado 3,4698 3,3867 3,5930 2,9462 3,9102 2,6134
EDTA 3,2802 3,2757 3,4015 3,4088 3,5284 2,6561
  3,3956 3,4264 3,2619 3,6304 3,1177 3,1289
       
  3,8665 3,7027 3,9484 4,3875 4,4475 4,2202
DAKIN 3,7389 3,9319 3,7881 4,4676 3,9102 4,3772
+ 3,0397 3,4568 3,1464 3,3764 3,3301 2,5865
EDTA 3,4278 3,4985 3,4727 3,6428 3,3705 3,7081
  4,0571 3,6387 4,0779 2,8231 4,0645 3,4842

 

7. Parâmetros amostrais

A Tabela VIII mostra que a transformação dos dados levou a uma melhor distribuição de dados, que com os dados originais apresentavam excessiva concentração ao redor da média (63 antes, contra 59 agora). Tais valores indicam uma probabilidade maior de normalidade para a amostra, em relação a dos dados originais.

Tabela VIII. Parâmetros amostrais: Raiz quadrada dos dados

Parâmetros
Valores
Soma dos dados amostrais 0,0000
Soma dos quadrados dos dados 29,0409
Termo de correção 0,0000
Variação total 29,0409
Média geral da amostra 0,0000
Variância da amostra 0,1949
Desvio padrão da amostra 0,4415
Erro padrão da média 0,0360
Mediana ( dados agrupados) 0,0037
Número de dados abaixo da média 45,0000
Número de dados iguais à média 59,0000
Número de dados acima da média 46,0000

8. Distribuição de freqüências

A Tabela IX mostra as freqüências absolutas por intervalos de classe, podendo ver-se que a distribuição dessas freqüências se apresenta mais simétrica (02,06,37,59,37,08,01), em comparação com a verificada com os dados originais ( 01,06,37,63,32,08,03).

TABELA IX. Distribuição de freqüências, absolutas e acumuladas, da raiz quadrada dos dados originais.

A. Freqüências por intervalo de classe              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas
2
6
37
59
37
8
1
Freqüências percentuais
1,3
4
24,7
39,3
24,7
5,3
0,7
B. Freqüências acumuladas              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Freqüências absolutas
2
8
45
104
141
149
150
Freqüências percentuais
1,3
5,3
30
69,3
94
99,3
100

Com os percentuais acumulados de freqüências apresentados na mesma Tabela IX, traçou-se o gráfico da Figura 9. Esse gráfico evidencia um grau de concordância maior entre as curvas normal e experimental, quando comparado com o gráfico da Figura 6, construído a partir dos dados originais. A superposição das linhas na Figura 9 traduz uma probabilidade maior de normalidade da distribuição amostral.
 

9. Teste de aderência à curva normal

Os resultados do teste de aderência da distribuição de freqüências por intervalo de classe da curva normal à distribuição experimental, em que se utilizam as raízes quadradas dos dados originais, estão apresentados na Tabela X.

Figura 9. Sobreposição das curvas dos percentuais acumulados de freqüências relativas às curvas experimental e normal matemática (raiz quadrada dos dados).

TABELA X. Teste de aderência da distribuição de freqüências acumuladas das raízes quadradas dos dados originais à sua correspondente normal matemática.

A. Freqüências por intervalo de classe              
Intervalos de classe
M-3s
M-2s
M-1s
M
M+1s
M+2s
M+3s
Curva normal
0,44
5,40
24,20
39,89
24,20
5,40
0,44
Curva experimental
1,33
4,00
24,67
39,33
24,67
5,33
0,67
               
B. Cálculo do Qui-quadrado    
* Interpretação *

A distribuição amostral testada

É NORMAL

Graus de liberdade 4
Valor do qui-quadrado 0,39
Probabilidade de H0 98,33

Analisando a Tabela X, observa-se que a probabilidade de a distribuição ser normal é de 98,33 %, enquanto que esse mesmo teste, quando se utilizaram os dados originais, apresentavam uma probabilidade de 93,52 % de a distribuição ser normal.
 

10. Histograma de freqüências:

O histograma correspondente à distribuição de freqüências das raízes quadradas dos dados originais é mostrado na Figura 10.

Figura 10. Histograma de freqüências (raízes quadradas dos dados originais).

Nota-se uma melhor centralização dos dados próximo à média, além de uma melhor simetria dos dados distribuídos acima e abaixo dela, em comparação com o que se observa na Figura 7.
 

11. Projeção aritmético-normal:

A projeção aritmético-normal das freqüências acumuladas, mostrada na Figura 11, confirma uma melhor sobreposição da linha representativa da distribuição experimental à reta que representa a normal matemática. Para melhor compreensão, comparem-se as Figuras 11 e 8.
 

12.-Teste de homogeneidade de Cochran:

O resultado obtido com o teste de Cochran, utilizando as raízes quadradas dos dados, para 15 variâncias e 9 graus de liberdade, foi de 0,1957, enquanto que os valores críticos tabelados para esses mesmos números de variâncias e graus de liberdade é de 0,1736 para o nível de 5% e 0,2002 para o nível de 1%. O valor calculado pelo teste foi, portanto, menor que o valor 0,2002 para o nível de 1 %, indicando uma homogeneidade das variâncias envolvidas na amostra, podendo afirmar-se que as amostras são homoscedásticas.

Figura 11. Projeção aritmético-normal das freqüências acumuladas relativas às curvas experimental e normal matemática. ( Raiz quadrada dos dados originais)

A análise do conjunto de resultados obtidos nesses testes preliminares levou à conclusão de que a distribuição amostral, quando se utilizaram as raízes quadradas dos dados originais, era normal e homogênea, o que autorizava a aplicação da estatística paramétrica (isto porque a probabilidade de normalidade era de 98,33%, e o teste de Cochran mostrava que a distribuição era homoscedástica).

O teste paramétrico que melhor se adaptava ao modelo experimental era a análise de variância e, pelo fato de tratar-se de um modelo misto, em que se associavam ao mesmo tempo fatores de variação independentes (soluções irrigantes ) e fatores de variação vinculados (terços das raízes), usou-se o tipo de análise de variância por bloco partido.

Os resultados desse teste podem ser vistos na Tabela XI.

Tabela XI. Análise de variância: Raiz quadrada dos dados.

Fonte de variação
Soma de quadrados
G. L.
Quadrados Médios
(F)
Prob. (H0)
Entre Soluções 43,5288 4 10,8822 24,23 0,000
Resíduo I 20,2081 45 0,4491    
Entre Terços (T) 7,6873 2 3,8437 39,16 0,000
Interações S x T 9,8698 8 1,2337 12,57 0,000
Resíduo II 8,8328 90 0,0981    
Variação total 90,1268 149      

A análise de variância acusou alta significância, ao nível de 1 % de probabilidade para a hipótese de igualdade, mostrando haver diferenças relevantes entre as soluções irrigantes estudadas, quanto à sua ação sobre a permeabilidade da dentina, ao nível do canal radicular.

O mesmo ocorreu em relação ao fator terços da raiz (cervical, médio e apical), o que demonstra haver diferenças relevantes também entre os terços, quanto à permeabilidade dentinária nessas regiões.

A interação soluções x terços mostrou-se também estatisticamente significante ao nível de 1 % de probabilidade, o que demonstra que as soluções não agem da mesma forma em todos os terços da raiz, quanto à sua capacidade de promover aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária.

A fim de esclarecer quais dentre as soluções envolvidas na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste de Tukey complementar para comparar as médias referentes às soluções estudadas (Tabela XII).

Tabela XII. Teste de Tukey : Entre soluções (Raiz quadrada dos dados)

Soluções
Médias
Valor crítico (1 %)
Água 2,17 +  
Dakin 3,07 #  
EDTA 3,08 # 0,28
Dakin / EDTA 3,57 -  
Dakin + EDTA 3,70 -  
Símbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente não-diferentes.

O teste de Tukey acusou diferença estatística entre as médias referentes à água e as demais soluções irrigantes estudadas. A solução de Dakin e a solução de EDTA formam um par que promove maior aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária radicular que a água, porém menor que o par representado pelas soluções de Dakin misturada ao EDTA e de Dakin alternada com EDTA, sendo que as soluções que compõem cada um desses dois pares apresentam médias estatisticamente equivalentes entre si no que se refere à capacidade de promover aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária radicular.

TABELA XIII. Teste de Tukey : entre terços (Raiz quadrada dos dados)

Terços
Médias
valor crítico (1 %)
Cervical 3,30 #  
Médio 3,25 # 0,19
Apical 2,80 -
Símbolos iguais junto às médias representam valores estatisticamente equivalentes.

Para esclarecer quais dentre os terços da raiz envolvidos na análise de variância seriam significantemente diferentes entre si, efetuou-se um teste de Tukey complementar para os terços estudados (cervical, médio e apical, Tabela XIII).

O teste de Tukey acusou uma diferença estatística entre o terço apical e os demais terços (cervical e médio). Os terços cervical e médio, por sua vez, apresentam-se semelhantes quanto à permeabilidade dentinária radicular nos incisivos centrais superiores.

Para analisar a interação soluções x terços, construiu-se a Tabela XIV, utilizando as médias da interação soluções x terços

TABELA XIV. Médias referentes à interação Soluções x Terços.

 
Soluções
Terços
Água
Dakin
EDTA
Dakin/EDTA
Dakin+EDTA
Cervical l2,74 3,21 3,37 3,55 3,64
Médio 2,51 3,17 3,26 3,59 3,71
Apical 1,24 2,82 2,60 3,58 3,75

Para elucidar melhor a Tabela XIV (interação Soluções x terços), construiu-se o gráfico, que pode ser visto na Figura 12.

Figura 12. Gráfico da interação Soluções x Terços

A Figura 13 mostra cortes dos terços apical, médio e cervical de um dente de cada grupo testado, ou seja, dentes irrigados com uma das soluções irrigantes utilizadas. A numeração de 1 a 5 corresponde a distribuição dos grupos. 1 - Água, 2- Dakin, 3- EDTA, 4- Dakin alternado com EDTA e 5- Dakin misturado com EDTA.

Figura 13. Corte dos terços apical (A), médio (M) e cervical (C) dos dentes irrigados com as soluções testadas. A coloração que vai de azul ao negro representa a presença de rubeanato de cobre no interior dos canalículos dentinários. 1. Água; 2. Dakin; 3.EDTA; 4. Dakin alternado com EDTA; e 5. Dakin misturado com EDTA.


Discussão

A preocupação dos endodontistas em analisar quais das soluções auxiliares da instrumentação de canais radiculares promoviam maior ou menor aumento da detecção da permeabilidade dentinária radicular levou a intento inúmeras pesquisas, com adoção de vários métodos, tais como o uso de radioisótopos ( WACH et al., 1955; Marshall et al., 1960), de corantes (COSTA, 1969; COHEN et al., 1970; ROBAZZA, 1973; MOURA et al., 1986) e histoquímico (PÉCORA 1985,1990; ZUOLO et al., 1987 e SILVA 1988).

O método histoquímico proposto por ROSELINO (1983) baseou-se nos seguintes fatos: a) alta reprodutibilidade do método; b) os íons cobre apresentam tamanho molecular bem menor que as moléculas orgânicas dos corantes e sem os efeitos nocivos à saúde causados pelo uso dos radioisótopos; e c) permite que os cortes obtidos dos dentes sejam diafanizados, o que permite o exame ao microscópio.

O tamanho das moléculas tem papel importante na evidenciação da permeabilidade da dentina, segundo PASHLEY & LIVINGSTON (1978). Esses autores verificaram que um aumento de 19 vezes no tamanho das moléculas provoca redução de 100 vezes no coeficiente de permeabilidade dentinária. A molécula da água apresenta um tamanho de 1,93 Angströms, o íon cobre 0,93 Angström, a albumina 37 Angströms e o corante de violeta de genciana 12 Angströms.

Em um estudo piloto, verificou-se que os corantes não possibilitavam a observação microscópica dos cortes obtidos, pois sofrem a ação dos alcoóis e do xilol, usados durante os processos de desidratação e diafanização das peças histológicas, uma vez que são solúveis nesses meios.

A revelação dos ions cobre pelo ácido rubeânico é dada por uma reação química, cujo resultado é a formação de um sal, o rubeanato de cobre, que é insolúvel tanto em alcoóis como em xilol. A sensibilidade do método de revelação do cobre pelo ácido rubeânico é da ordem de 0,006 micrograma (FEIGL,1958).

A quantificação da penetração dos íons cobre por meio de análise morfométrica com grade de integração oferece segurança quanto à determinação de áreas e facilidade do emprego dessa técnica (PÉCORA, 1985 e 1990; ZUOLO et al., 1987 e SILVA, 1988).

A proposta de analisar a evidenciação da permeabilidade dentinária radicular após o uso da solução de Dakin alternada com a solução de EDTA a 15 por cento durante a instrumentação de canais radiculares surgiu em função dos trabalhos de YAMADA et al., (1983); BAUMGARTNER & MADER (1987) e GENGIZ et al., (1990), pois esses pesquisadores encontraram canais mais limpos e isentos de magma dentinário, quando se utilizavam alternadamente essas soluções.

O uso de solução de Dakin misturada à solução de EDTA na proporção de 1:1 foi devido à pesquisa realizada por SAQUY (1991), onde constatou-se que essa mistura não inativava o efeito quelante do EDTA.

O uso da água como solução irrigante serviu de controle, baseado no fato de que essa solução não aumenta a evidenciação da permeabilidade dentinária, quando comparado ao uso das soluções de hipoclorito de sódio em diferentes concentrações, na instrumentação dos canais radiculares (MARSHALL et al., 1960 e PÉCORA, 1985).

As utilizações isoladas das soluções de Dakin e de EDTA como soluções auxiliares da instrumentação foram levadas a efeito para analisar suas ações de modo independente e comparar os resultados obtidos com aqueles referentes ao uso das suas associações.

Os valores da porcentagem de penetração de íons cobre na dentina radicular nos terços cervicais, médios e apicais, obtidos após o uso de cada solução irrigante, foram submetidos ao estudo de normalidade, que indicou, após transformações dos dados em raiz quadrada, não só a normalidade como também a homocedasticidade da amostra. Isso justificou a aplicação da análise estatística paramétrica.

Como neste trabalho existem fatores de variações independentes (soluções irrigantes) e fatores dependentes (terços da raiz), já que em um mesmo dente estudaram-se as permeabilidades dos três terços, aplicou-se o modelo matemático misto de bloco partido para o cálculo de análise de variância (tabela XI). Essa análise mostrou existirem diferenças estatísticas significantes entre as soluções, entre os terços das raízes e entre a interação soluções x terços, a nível de 1 por cento.

O teste de Tukey entre soluções (tabela XII) mostrou a presença de três grupos distintos, onde a água apresenta-se como a solução irrigante que promove a menor evidenciação da permeabilidade dentinária. As soluções de Dakin e de EDTA, quando utilizadas separadamente na irrigação dos canais radiculares, agem sobre a permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhantes entre si, e com mais intensidade que a ação efetuada pela água.

Os usos, alternados ou misturados, das soluções de Dakin e de EDTA propiciam uma melhor evidenciação da permeabilidade dentinária radicular de modo estatisticamente semelhantes entre si, porém melhores do que quando se usam essas soluções isoladamente, ou seja, usando-se somente a solução de Dakin ou a de EDTA.

A observação de que as soluções de Dakin e a de EDTA, quando utilizadas isoladamente como irrigantes de canais radiculares, comportam-se de modo estatisticamente semelhantes quanto às suas ações sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária, está de acordo com os achados de PÉCORA (1985).

A solução de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5%) atua sobre componentes orgânicos e realiza a solvência dos tecidos (SENIA et al.,., 1971). Essa ação solvente deve-se à presença do ácido hipocloroso (HClO) na composição , do fluxo dessa solução, bem como da sua área de contato (MOORER & WESSELENK 1982).

Deste modo, a ação solvente de tecido orgânico realizada pelo hipoclorito de sódio é diretamente proporcional à sua concentração, pois quanto maior for o teor de cloro ativo, maior será a quantidade de ácido hipocloroso presente.

A solução de EDTA atua sobre as estruturas minerais da dentina, uma vez que é quelante de íons metálicos.

NIKIFORUK & SREEBNY (1953) observaram que a quelação de íons cálcio pelo EDTA aumenta quando o pH é maior que 6 e fica estável acima de pH 7,5. Eles notaram que o EDTA quelou mais seletivamente o cálcio em pH alcalino, entretanto a taxa de desmineralização diminuiu com pH em torno de 10,5. Essa diminuição da quelação de íons cálcio pelo EDTA em pH 10,5 é devida ao fato de que o produto de solubilidade do osso e do dente diminui nesse pH. Assim, poucos íons de cálcio estarão disponíveis para serem quelados. Isto não quer dizer que o EDTA é inativado nesse pH, e sim que não há muito cálcio disponível para a quelação, quando se trabalha com dente e com osso.

A solução de EDTA, por sua vez, atua sobre as estruturas minerais do magma dentinário produzido durante a instrumentação dos canais radiculares ( GENGIZ et al., 1990).

As ações do hipoclorito de sódio sobre os tecidos orgânicos e do EDTA sobre os tecidos inorgânicos levaram vários pesquisadores a sugerirem que a irrigação do canal radicular com hipoclorito de sódio seja complementada com a irrigação de EDTA (GOLDMAN et al., 1981; YAMADA et al., 1983; HARRISON, 1984; MADER et al., 1984; WHITE et al., 1984; BYSTRON & SUNDVIST, 1985; BAUMGARTNER & MADER, 1987 e GENGIZ et al., 1990). Desse modo, esses autores procuraram utilizar as ações químicas dessas duas soluções para se obter uma melhor limpeza do canal radicular.

BAUMGARTNER & MADER (1987) relatam que o EDTA remove a parte mineral do magma dentinário e deixa intacta a estrutura de colágeno. Esta, por sua vez, é dissolvida pela solução de hipoclorito de sódio. Quanto mais concentrada for a solução de hipoclorito de sódio, maior será a sua capacidade solvente de tecido orgânico, podendo dissolver até a pré-dentina.

Pode-se observar, no presente trabalho, que a permeabilidade dentinária radicular é melhor evidenciada quando do uso da solução de Dakin alternada com a solução de EDTA e com o uso dessas soluções misturadas na proporção de 1:1.

A compreensão do fato de ocorrer aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária quando do uso dessas soluções de modo alternado tem como base o mesmo raciocínio de YAMADA et al., (1983), BAUMGARTNER & MADER (1987) e GENGIZ et al., (1990), isto é, ocorre uma somatória dos seus efeitos químicos, ou seja,a solvência de tecido orgânico proporcionada pelo hipoclorito de sódio e a quelação de íons metálicos realizada pelo EDTA. A melhor limpeza do canal radicular propicia canalículos dentinários sem obliterações por magma dentinário ou restos de tecidos orgânicos.

A mistura da solução de Dakin à solução de EDTA na proporção de 1:1 proporcionou uma melhor evidenciação da permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhante ao uso dessas soluções de modo alternado. Este fato merece algumas considerações adicionais.

A mistura da solução de Dakin, pH 9, com a solução de EDTA, pH 7,3, resultou em uma solução de pH 8. Quando se dilui uma solução de hipoclorito de sódio em um mesmo volume de água, ocorre uma diminuição da concentração de cloro ativo pela metade. Neste trabalho, ao se misturar à solução de Dakin a 0,5 por cento a um mesmo volume da solução de EDTA, obteve-se teor de cloro ativo de 0,1 por cento, constatado pela iodometria, na solução resultante.

Essa baixa concentração de cloro ativo da solução resultante indica, teoricamente, que essa solução tem sua capacidade solvente de tecido reduzida ou anulada. Na tentativa de elucidar este fato, fez-se o seguinte experimento:

Realizaram-se, na clínica, biopulpectomias de incisivos centrais superiores. As polpas removidas com extirpa-nervos foram colocadas em recipientes que continham as seguintes soluções: a) e Dakin a 0,5 por cento e b) mistura da solução de Dakin à solução de EDTA na proporção de 1:1. Cronometrou-se o tempo decorrido entre o momento da colocação da polpa nessas soluções até a sua total solvência.

Os resultados evidenciaram que as polpas colocadas no recipiente que continha a solução de Dakin dissolviam-se num espaço de tempo compreendido entre 60 a 80 minutos. As polpas colocadas em recipientes que continham a mistura Dakin mais EDTA na proporção de 1:1 não se alteravam, pelo menos a olho desarmado, após decorridas duas horas. Repetiu-se esse experimento 4 vezes para cada solução.

Com base neste experimento, pode-se especular que a diminuição do teor de cloro livre da mistura Dakin e EDTA na proporção 1:1 promove a perda da capacidade solvente de tecido orgânico da solução de Dakin..

Segundo VOGEL (1981), a solução de EDTA quela cálcio de modo mais seletivo em pH 8, e isto parece explicar porque a mistura da solução de Dakin à solução de EDTA promove melhor evidenciação da permeabilidade dentinária do que o uso da solução de EDTA sozinha.

Realizou-se "spot test" de acordo com o preconizado por SAQUY (1991) e se verificou que a solução resultante da mistura Dakin e EDTA apresentava-se com efeito quelante. A mistura dessas soluções não alterou a capacidade quelante do EDTA.

Quanto à evidenciação da permeabilidade referente aos terços da raiz, o teste de Tukey (tabela XIII) mostrou haver uma diferença estatística entre o terço apical e os demais terços (cervical e médio). Os terços cervical e médio apresentam-se semelhantes quanto à avaliação da permeabilidade dentinária radicular e é mais permeáveis que o terço apical, nos incisivos centrais superiores.

Esses achados estão de acordo com os observados por ZUOLO et al., (1987), que estudaram a permeabilidade dentinária com o mesmo tipo de dente, ou seja, incisivos centrais superiores humanos.

Os trabalhos de WITTAKER & KNEALE (1979) e CARRIGAN et al., (1984) evidenciaram que a região apical do canal radicular apresenta menor número de canalículos dentinários por unidade de área. Esses achados explicam o fato de a região apical apresentar menor evidenciação da permeabilidade dentinária que os demais terços da raiz, uma vez que a via de penetração das soluções pela dentina se dá através dos canalículos dentinários

A realização deste trabalho induziu novos raciocínios que abrem campo para novas investigações com o intuito de responder as seguintes questões: a) Soluções mais concentradas de hipoclorito de sódio quando utilizadas misturadas a uma solução de EDTA produzem soluções compostas com maior capacidade de solvência de tecido orgânico?; b) Soluções mais concentradas de hipoclorito de sódio, quando usadas de modo alternado com a solução de EDTA, promovem melhores evidenciações da permeabilidade dentinária?; c) O uso dessas soluções, alternadas ou misturadas, altera a microdureza da dentina radicular? e d) Essas soluções promovem melhor remoção do magma dentinário quando utilizadas de modo alternado ou misturado? Caso promovam melhor remoção, quais são as suas concentrações ideais?.


Conclusões

Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos parece lícito concluir que:

1 - A água usada como solução irrigante de canais radiculares promove menor evidenciação da permeabilidade dentinária quando comparada às soluções de Dakin, EDTA, Dakin alternado com EDTA e Dakin + EDTA.

2 - A solução de Dakin e a solução de EDTA, quando usadas individualmente, promovem aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária radicular de modo estatisticamente semelhante entre si e maior que a produzida pela água.

3 - As soluções de Dakin usadas de modo alternado com a solução de EDTA ou misturadas na proporção de 1:1 formam um par que promove aumento na evidenciação da permeabilidade dentinária estatisticamente semelhantes entre si e maior que a evidenciação da permeabilidade dentinária promovida pela ação das soluções de EDTA e Dakin usadas isoladamente.

4 - Os terços cervical e médio dos canais radiculares dos incisivos centrais superiores apresentam-se semelhantes quanto à permeabilidade dentinária radicular e mais permeáveis do que o terço apical.


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SUMMARY

The effect on root dentin permeability of Dakin"s solution (0,5% sodium hypochlorite) and 15% EDTA, used separately, alternately, or mixed during instrumentation of root canals, was studied. distilled water was used as control.

A total of 10 recently extracted, human maxillary central incisors were irrigated with 10.8 ml of each irriganting

solution. When used alternately, 5.4ml of each solution was used. A proportion of 1:1 was used for the mixed solutions (10.8 ml).

Copper ions of a 10% copper sulfate solution were used as the indicator of root dentin permeability using rubeanic acid, which stains from intense blue to black.

The quantification of the percent of copper ion penetration of the dentin was carried out by morphometric analysis with the use of 400-point grid.

Statistical analysis showed that water had less effect on dentin permeability than other solutions. Dakin"s solution and EDTA produced statistically similar dentin permeability, however, greater than that of water.

The use of Dakin"s solution and EDTA, alternately or mixed, showed greater dentin permeability than the use of these solutions separately, however statistically similar.

Dentin permeability of the cervical and middle thirds of the roots of humam maxillary central incisors was statistically similar and greater than the permeability of the apical region.
 
 

RESUMO

Estudaram-se as ações das soluções de Dakin (hipoclorito de sódio a 0,5%) e de EDTA a 15% usadas de forma isoladas, alternadas e misturadas durante a instrumentação de canais radiculares, sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária radicular. Utilizou-se a água destilada como controle.

Utilizaram-se 10 incisivos centrais superiores humanos recém extraídos para cada solução irrigante e os dentes foram irrigados com 10,8 ml de cada uma delas. Nos casos de uso alternado, utilizaram-se 5,4 ml de cada solução. No caso de mistura, esta foi realizada na proporção de 1:1 e utilizaram-se 10,8 ml.

O indicador da permeabilidade dentinária radicular foi os íons cobre de uma solução de sulfato de cobre a 10 % e o revelador dos íons cobre foi o ácido rubeânico, que dá uma coloração que vai de azul intenso ao negro.

A quantificação da porcentagem de penetração dos íons cobre na dentina foi feita pela análise morfométrica, com o uso de uma grade de integração de 400.

A análise estatística dos resultados mostrou que a água tem menor efeito sobre a evidenciação da permeabilidade dentinária que as demais soluções.

As soluções de Dakin e EDTA promoveram aumentos da evidenciação da permeabilidade dentinária de modo estatisticamente semelhantes entre si, porém maior que o aumento atribuído à água.

Os usos das soluções de Dakin e de EDTA, quer alternadas, quer misturadas, promoveram aumento da evidenciação da permeabilidade dentinária maior do que os usos dessas soluções de modo isoladas, porém de forma estatisticamente semelhantes entre si.

As evidenciações da permeabilidade dentinária dos terços cervical e médio das raízes dos incisivos centrais superiores humanos estudados foram estatisticamente semelhantes entre sí e maiores que a evidenciação da permeabilidade da região apical.
 

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